APPS DE COMPRAS ULTRAPASSAM 150 MILHÕES DE USUÁRIOS E REDEFINEM HÁBITOS DE CONSUMO NO BRASIL

Com R$ 2,85 bilhões em investimentos no setor, avanço digital ganha força em São Paulo,
onde metade da população já adota aplicativos como hábito de consumo

O consumo digital já é parte da rotina dos brasileiros. Em 2024, o país ultrapassou a marca de 150 milhões de usuários ativos em aplicativos de compras, de acordo com o relatório “Estado do Marketing de Aplicativos no Brasil 2025”, produzido pela AppsFlyer. O setor movimentou R$ 2,85 bilhões em investimentos para aquisição de clientes, consolidando os apps como protagonistas do varejo.

O estudo mostra que a adesão é maior nas capitais (53%), mas o interior já representa 47% do total — sinal de que o hábito se espalhou para além dos grandes centros. O perfil mais engajado é formado por jovens com ensino superior e renda acima de dez salários mínimos, enquanto pessoas com menor escolaridade, renda reduzida e idosos ainda adotam os apps de forma mais lenta.

Em São Paulo, esse movimento se reflete claramente. Segundo a pesquisa Seade SP TIC, metade da população já utiliza aplicativos para compras ou contratação de serviços on-line. O que chama atenção é que o apelo não está mais em descontos, mas em algo mais valioso: tempo.

“Hoje, o crescimento do uso de apps de compras em São Paulo não está ligado apenas a descontos, mas a tempo e praticidade. O paulista percebeu que enfrentar trânsito, rodízio e estacionamento significa perder horas de vida. Muitas vezes ele paga mais caro, mas paga feliz, porque está comprando tempo”, afirma Bruno Kerber, especialista em startups, e-commerce e internacionalização de marcas brasileiras.

FREQUÊNCIA E NOVOS HÁBITOS

A relação com os apps se tornou cotidiana. Mais de um quarto dos consumidores (28%) compra todos os dias e 38% pelo menos uma vez por semana. Entre jovens de 18 a 29 anos, esse número dispara: 74% compram via aplicativos regularmente.

Se antes eles eram vistos como canais para compras pontuais ou promoções, hoje se consolidaram como solução para demandas recorrentes: supermercado, farmácia, itens pet e beleza já estão entre os principais segmentos.

Segundo Kerber, essa mudança traz uma nova lógica de consumo: “Quando o consumidor entende que tempo é a nova moeda, três coisas acontecem: ele passa a comprar com mais frequência, mas em carrinhos menores; migra para compras recorrentes e práticas; e deixa de comparar apenas preços, passando a valorizar experiência e personalização, com rapidez na entrega, usabilidade do app e recomendações inteligentes”, explica Kerber.

Nesse contexto, os meios de pagamento também mudam. O cartão de crédito segue dominante (62%), mas o Pix já responde por 27% das transações em 2025, um salto em relação aos 19% de 2023.

O FUTURO É FÍSICO + DIGITAL

Segundo Kerber, a fidelização e o aumento do ticket médio dependem de três pilares: personalização, recorrência e estratégias inteligentes de cross e upsell. “Isso significa usar dados para recomendar o produto certo na hora certa, facilitar a recompra de itens de consumo frequente por meio de assinaturas ou lembretes e complementar a jornada com ofertas relevantes, como sugerir taças para quem compra vinho ou incluir itens de conveniência em pedidos de farmácia”, ressalta.

Esse avanço do consumo digital, porém, não elimina as lojas físicas, mas redefine seu papel. Elas passam a funcionar como hubs de experiência e logística, enquanto os aplicativos se consolidam como o atalho para a compra.

“O consumidor não enxerga mais físico e digital como mundos separados. Ele só quer resolver a vida de forma prática. O app virou o atalho da compra, e a loja física pode ser o palco da experiência. Quem souber unir os dois, vai liderar essa nova fase do varejo”, completa o especialista.

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