Tarifaço e o Plano Brasil Soberano

Desde que foi anunciado o Tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, vivemos um período de turbulência econômica, pois, não sabemos, de fato, quais serão os impactos na economia brasileira. Visando diminuir os danos à economia, o governo brasileiro anunciou a implementação do Plano Brasil Soberano que vai priorizar a concessão de crédito incentivado às empresas que registraram uma queda de faturamento superior a 5% em decorrência da interrupção de suas exportações.

Esse Plano, inclui uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para as empresas, o adiamento no pagamento de impostos federais, a prorrogação do regime de drawback, e a retomada/ampliação de programas como o Reintegra para facilitar a busca de novos mercados. Em contrapartida, as empresas beneficiadas deverão manter o número de empregados. Empresas do ramo calçadista, de armamentos e a indústria madeireira, já apresentaram queda em suas vendas e como forma de reduzir os impactos do tarifaço, estão aderindo as férias coletivas, enquanto aguardam o apoio do governo brasileiro.

O Plano Brasil Soberano, demonstra uma tentativa de mitigar os danos de uma política que, em primeira instância, penalizou duramente o setor produtivo e tem efeitos devastadores na economia brasileira. Mas, e as empresas que tiveram uma queda menor no seu faturamento? Essas também terão acesso a linhas de créditos emergenciais, mas com juros mais elevados. A lógica por trás do Plano Brasil Soberano é a de que as empresas que sofreram a maior perda de receita são as que mais precisam de apoio para evitar demissões em massa e o fechamento de postos de trabalho. Essa premissa é sensata, mas ao mesmo tempo, limitada, pois pode não capturar a realidade de pequenas e médias empresas. Além disso, a injeção de capital pode ser apenas um paliativo caso não haja a adoção de um plano de longo prazo que aborde as causas do tarifaço.

Assim, é importante que o governo e os setores afetados trabalhem em conjunto para criar um plano de recuperação sólido, incluindo, a revisão das políticas tarifárias, a busca por novos mercados e por alternativas sustentáveis para o crescimento econômico. Para que o Plano Brasil Soberano seja realmente eficaz, ele deve ser acompanhado de uma análise aprofundada das cadeias de produção e de um diálogo constante com os representantes do setor. A priorização de 5% de queda de faturamento pode ser um bom ponto de partida, mas é imperativo que o governo esteja aberto a flexibilizar esse critério, considerando o tamanho da economia brasileira, a diversidade e as particularidades de cada segmento.

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