O uso da inteligência artificial no setor jurídico — e os cuidados para incorporá-la de forma segura — foi tema de um evento promovido pelo TozziniFreire Advogados em Campinas, que reuniu advogados, executivos e especialistas em tecnologia, entre eles uma diretora da CI&T. A adoção da inteligência artificial no setor jurídico vem otimizando fluxos internos, ampliando a produtividade e reduzindo significativamente o tempo de execução de processos, ao eliminar tarefas repetitivas como a análise de documentos e contratos e a gestão de procurações — tema debatido em evento promovido por sócios das áreas de Contencioso e Trabalhista do TozziniFreire com a participação de Marcela Masiero, diretora jurídica do CI&T Group.
Carla Battilana, sócia de Tecnologia e Inovação do TozziniFreire, ressaltou que a adoção de soluções tecnológicas deve ser precedida por uma análise criteriosa dos objetivos a serem alcançados. “Antes de escolher a ferramenta, é essencial entender qual problema se quer resolver. O uso responsável de IA exige estratégia, métricas e capacitação da equipe para extrair resultados com segurança”, afirmou Battilana.
Na perspectiva da carreira, Leonardo Bertanha, sócio das áreas Trabalhista e Contencioso do TozziniFreire, destacou que o mercado jurídico atravessa uma mudança inevitável, que impactará de forma crescente a rotina da profissão. “Os advogados não vão desaparecer, mas quem não se capacitar no uso da IA perderá muitas oportunidades. É uma questão de atualização profissional e de mentalidade”, afirmou.
Marcela apresentou casos reais de uso da IA no departamento jurídico do CI&T, como automação na análise de contratos e gestão de procurações, que resultaram em ganhos expressivos de tempo e redução de tarefas repetitivas. “Tudo que é novo gera medo, mas a inteligência artificial veio para tirar atividades repetitivas, não empregos. O segredo é usar de forma estratégica, com segurança e alinhamento à cultura da empresa”, afirmou a diretora. Ela destacou que, em alguns processos, foi possível alcançar redução de até 78% no tempo de execução. “Nosso objetivo foi identificar tarefas que gerassem impacto e escala, sempre com testes rigorosos antes da implementação”, reforçou a diretora da CI&T.
O evento também proporcionou um momento para debates sobre como escritórios e departamentos jurídicos podem iniciar ou acelerar sua jornada na IA, desde o mapeamento de processos até a escolha de ferramentas adequadas. Ficou claro que a implantação dessa tecnologia requer mais do que a simples adoção de uma plataforma: é preciso criar políticas internas, treinar equipes, revisar fluxos de trabalho e manter vigilância constante sobre riscos e conformidade regulatória. “A tecnologia deve trabalhar para que possamos dedicar mais tempo ao que é realmente importante para o ser humano: o pensamento crítico, a estratégia e a conexão com as pessoas, sintetizou Marcela Masiero.