A deputada federal Carla Zambelli (PL‑SP), considerada foragida da Justiça brasileira e incluída na lista vermelha da Interpol, foi presa nesta terça-feira (29 de julho de 2025) em Roma. A detenção foi resultado de uma operação conjunta entre a Polícia Federal do Brasil, a Interpol e autoridades italianas, segundo informou o Ministério da Justiça em nota à imprensa.
De acordo com a CNN Brasil, Zambelli foi localizada em um apartamento na capital italiana. O endereço teria sido fornecido pelo deputado italiano Angelo Bonelli, que publicou informações em suas redes sociais alertando as autoridades sobre a localização da parlamentar.
Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão em regime inicialmente fechado pelos crimes de invasão de dispositivo informático, falsidade ideológica e inserção de dados falsos nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça. O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, decretou sua prisão preventiva em 5 de junho deste ano, alegando risco de fuga.
A parlamentar deixou o Brasil no fim de maio, utilizando rotas alternativas por meio da Argentina e dos Estados Unidos até chegar à Itália. Após a decretação da prisão, o STF ordenou o bloqueio de seus passaportes, contas bancárias, salário e verbas de gabinete, além de determinar a suspensão de seus perfis em redes sociais.
A defesa de Zambelli afirma que ela se apresentou espontaneamente às autoridades italianas e pode ter solicitado asilo político, com base em sua cidadania italiana. No entanto, segundo especialistas ouvidos pela imprensa, a legislação bilateral entre Brasil e Itália permite a extradição mesmo de cidadãos italianos naturalizados, o que é o caso da deputada.
O governo italiano tem até 48 horas para formalizar os procedimentos de extradição ou adotar outras medidas cautelares. A CNN informou que o Ministério da Justiça já iniciou os trâmites para o retorno de Zambelli ao Brasil, onde deverá cumprir pena em regime fechado.
Além da condenação criminal, Carla Zambelli teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo em janeiro de 2025, por abuso de poder econômico e disseminação de desinformação nas eleições de 2022. A inelegibilidade, segundo decisão, se estende até 2033.
Esse episódio marca um desfecho importante em um dos casos mais emblemáticos envolvendo parlamentares eleitos na atual legislatura. A extradição de Zambelli pode representar, segundo analistas, um ponto de inflexão na responsabilização de autoridades com mandato eletivo que incorrem em crimes graves.