Ministros se reúnem na ONU em Nova Iorque em conferência sobre solução de dois Estados entre Israel e Palestina

Nesta segunda-feira, 28 de julho de 2025, ministros das Relações Exteriores de diversos países se reuniram na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, para participar de uma conferência internacional que busca promover a implementação da solução de dois Estados no conflito entre Israel e Palestina. A iniciativa, organizada pela França e pela Arábia Saudita, foi marcada pelo boicote dos Estados Unidos e de Israel, que criticaram o encontro por considerá-lo contraproducente.

Segundo a agência Reuters, a reunião contou com a participação de representantes da Europa, América Latina, Oriente Médio e África. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a comunidade internacional deve buscar um “avanço irreversível” para o estabelecimento de um Estado palestino, com base nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital. Ele defendeu que a conferência seja um marco para a retomada de negociações de paz sustentáveis.

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan Al-Saud, pediu um compromisso global com um plano concreto para a criação de um Estado palestino viável e seguro. Já o chanceler francês Jean-Noël Barrot declarou que a França está preparada para reconhecer oficialmente o Estado Palestino nos próximos meses e defendeu que a ONU estabeleça um cronograma para esse reconhecimento.

Mohammad Mustafa, primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, reforçou o apelo para que mais países reconheçam a Palestina como nação soberana. Ele disse que a criação do Estado Palestino deve ser reconhecida como ponto de partida para a paz e não como uma consequência futura de negociações.

Em contrapartida, os Estados Unidos classificaram a conferência como um “espetáculo de autopromoção” e alegaram que ela compromete os esforços diplomáticos existentes. A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que o encontro enfraquece a pressão sobre o Hamas e não leva em consideração questões fundamentais de segurança. Israel também criticou duramente o evento, acusando os organizadores de promoverem uma ilusão diplomática ao ignorarem a libertação de reféns e os ataques recentes do Hamas.

A conferência foi estruturada com oito grupos de trabalho dedicados a temas como segurança, reconstrução da Faixa de Gaza, governança palestina e cooperação regional. Os organizadores pretendem apresentar um plano de ação detalhado com respaldo internacional nos próximos meses.

Apesar das ausências de peso, a conferência sinaliza um novo esforço internacional para redefinir os rumos do processo de paz no Oriente Médio. França, Reino Unido, Bélgica e outros países europeus devem anunciar, até setembro, medidas formais em apoio ao reconhecimento da Palestina como Estado soberano. O impasse político, no entanto, permanece, sobretudo diante da rejeição de Washington e Tel Aviv a iniciativas que, segundo seus governos, legitimariam atores envolvidos em atos terroristas.

A iniciativa em Nova York ocorre em meio à grave crise humanitária na Faixa de Gaza, à escalada das tensões entre Israel e Irã e à estagnação das negociações diplomáticas diretas entre israelenses e palestinos. A próxima etapa do processo deverá ocorrer em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, quando se espera que o tema volte à pauta com maior força.

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