Com faturamento previsto de R$ 224,7 bilhões em 2025, e-commerce brasileiro muda de fase

Especialista destaca tendências para o setor, que exige mais inteligência, personalização e maturidade digital para crescer de forma sustentável

Segundo projeções da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) o e-commerce brasileiro deve atingir R$ 224,7 bilhões em faturamento até o fim de 2025. Essa expectativa de crescimento marca o oitavo ano consecutivo de alta no setor. Em 2024, por exemplo, o crescimento foi de 10,5% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 204,3 bilhões em vendas, com mais de 414 milhões de pedidos online e um valor médio dos pedidos de R$ 492,40. De acordo com o conselheiro estratégico e especialista em gestão de negócios digitais, Bruno Kerber, “O e-commerce brasileiro não está apenas crescendo, ele está amadurecendo e isso muda tudo”.

Segundo as estimativas da Associação para este ano, o número de compradores online deve chegar a 94 milhões. Para Bruno Kerber, o avanço do comércio digital reflete uma combinação de fatores econômicos, comportamentais e tecnológicos.

“O consumidor brasileiro passou por uma maturidade digital. Comprar online deixou de ser exceção e virou hábito. Ao mesmo tempo, o ecossistema evoluiu com investimentos em logística. Hoje o frete entrega mais do que o produto, estrega a experiência. Quem está ganhando mercado no e-commerce não é quem tem menor preço, mas quem entrega rápido, bem e com inteligência. Frete virou diferencial competitivo. Os grandes players entenderam isso e por isso investiram pesado em centros de distribuição, tecnologia e previsibilidade logística.” afirma.

Entre as principais tendências para 2025, o especialista destaca a ascensão de categorias de consumo recorrente — como supermercado, farmácia e pet — e de segmentos com forte apelo de marca e estilo de vida, como moda e beleza. “O consumidor quer praticidade, mas também identificação, e é isso que diferencia marcas que crescem de quem apenas opera o básico”.

Outro ponto ressaltado por ele é a profissionalização das operações nos marketplaces, que hoje respondem por cerca de 80% das vendas online no país e acabam se tornando a porta de entrada para milhares de empresas. “Marketplace bem operado não é só canal de venda, é vitrine, é aquisição, é construção de marca. Para se destacar, é preciso cuidar da reputação, da logística, da publicidade, do preço e, principalmente, do atendimento. A empresa que trata o marketplaces como canal estratégico colhe volume, margem e visibilidade. Quem trata como balcão de liquidação, perde valor.”

O cenário exige que as empresas pensem além da infraestrutura técnica. “Mais do que isso, as empresas precisam cultivar uma cultura digital. E o que significa ter uma cultura digital? É estar genuinamente orientadas à inovação, à adaptação constante e ao foco no cliente. No mundo online, é impossível crescer se a empresa não estiver pronta para se reinventar. Tecnologia sem cultura é só custo fixo”, reforça.

SUPERPERSONALIZAÇÃO

De acordo com Kerber, a inteligência artificial e o uso estratégico de dados estão redefinindo o relacionamento entre marcas e consumidores. Enquanto a análise de comportamento revela o que o cliente já fez, a IA generativa permite antecipar desejos, contextos e até emoções. “Mais do que personalizar, entramos na era da superpersonalização, onde marcas precisam compreender os microcomportamentos, as intenções e o momento de vida do consumidor para entregar experiências verdadeiramente únicas”, destaca Bruno.

A superpersonalização se consolida como uma das principais fronteiras do e-commerce moderno, aliando tecnologia, sensibilidade de mercado e profundidade estratégica.

Por fim, a presença integrada em múltiplos canais (omnicanalidade) se firma como diferencial competitivo. “O cliente já é omnichannel. Ele não separa mais físico e digital na cabeça dele. As empresas que conseguirem entregar uma experiência fluida, consistente e personalizada em todos os pontos de contato terão uma vantagem real. O e-commerce do futuro não será definido por quem vende mais, mas por quem entende melhor. A disputa não é mais por escala, mas por inteligência.” conclui o especialista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *