Startups em alta: especialista explica como “smart money” e conselheiros estratégicos impulsionam o crescimento do setor

O ecossistema de startups no Brasil segue em ritmo acelerado. Segundo dados recentes de mapeamentos nacionais, o país registrou um aumento expressivo no número de startups ativas e nas rodadas de investimento ao longo do último ano — especialmente nas áreas de tecnologia, agronegócio, saúde e educação.

Em 2024, o setor movimentou R$ 13,9 bilhões em investimentos, de acordo com um estudo da Liga Ventures, representando um avanço de 50% em relação ao ano anterior, quando foram captados R$ 9,3 bilhões. O levantamento analisou 366 transações no período.

Mas o que está por trás desse crescimento? Para especialistas do setor, o diferencial não está apenas no capital, mas no chamado smart money e na atuação dos conselheiros estratégicos, também conhecidos como advisors.

“O que realmente faz diferença, especialmente nas fases iniciais, é o smart money: a experiência, a rede de contatos e, principalmente, a capacidade de contribuir com visão estratégica”, explica Bruno Kerber, especialista em Gestão de Negócios Digitais e fundador da Lexos.

O conceito de smart money vai além do investimento financeiro — envolve também inteligência de mercado, expertise prática e suporte direto na tomada de decisões, ajudando as startups a evitarem erros comuns no início da jornada. Soma-se a isso o papel fundamental do advisor.

“Um bom advisor não ajuda apenas o negócio, mas, sobretudo, o empreendedor — que muitas vezes está solitário em sua cadeira de decisão. O founder carrega dúvidas reais, inseguranças e pressões que não compartilha com a equipe, para não parecer frágil; nem com os sócios, para não soar desalinhado; e evita falar com a família, para não gerar preocupação. O resultado é que acaba carregando tudo sozinho”, destaca Kerber.

Outra questão apontada pelo especialista é a falta de preparo para gestão de crises nas fases iniciais das startups. Segundo ele, esse é um ponto frequentemente negligenciado:

“Quando o problema chega, muitos empreendedores ainda não sabem como agir. Um advisor experiente pode ser a diferença entre um tropeço e um tombo. Em estágios iniciais, o maior desafio é saber o que não fazer. O bom advisor é aquele que ajuda a enfrentar momentos de burnout, decisões difíceis e crises inesperadas.”

Além disso, a busca por soluções reais e o uso da Inteligência Artificial (IA) têm sido fatores determinantes para a permanência das startups no mercado. De acordo com a Liga Ventures, empresas que aplicam IA estão na linha de frente da inovação — seja na personalização de serviços, na otimização de processos ou na criação de produtos disruptivos.

Outro dado relevante: 58% das startups brasileiras atuam no modelo B2B, desenvolvendo soluções voltadas diretamente às necessidades de empresas. Esse modelo reflete a crescente demanda por eficiência e inovação no ambiente corporativo, com destaque para setores como FinTechs (tecnologia financeira), AgTechs (agronegócio) e HealthTechs (saúde).

“Os investidores estão buscando soluções tecnológicas aplicadas na prática, que resolvem dores reais e têm uma proposta de valor clara. Startups que conseguem unir tecnologia, impacto e modelo de monetização validado são hoje as mais atrativas”, reforça Kerber.

O crescimento das startups é, portanto, uma tendência sólida — e representa um caminho estratégico para consolidar uma economia mais competitiva no cenário tecnológico brasileiro.

“O aumento dos investimentos em startups gera empregos qualificados, atrai talentos que antes migravam para o exterior e estimula a criação de soluções inovadoras dentro do país. Além disso, eleva o nível de gestão, profissionaliza o mercado e fortalece o ecossistema como um todo. Quando há mais capital circulando, há mais gente acreditando, empreendendo e inovando”, finaliza Kerber.

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