O presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciaram nesta quinta-feira (10) um acordo migratório bilateral voltado à contenção das travessias irregulares de imigrantes pelo Canal da Mancha. O pacto prevê a implementação de um programa piloto do tipo “um entra, outro sai”, no qual o Reino Unido poderá devolver à França solicitantes de asilo que tenham atravessado ilegalmente a fronteira marítima, enquanto se compromete a receber, de forma legal, o mesmo número de refugiados diretamente a partir da França.
De acordo com reportagem da Reuters, o objetivo central da iniciativa é reduzir o fluxo de embarcações precárias com imigrantes que partem da costa norte da França com destino ao sul da Inglaterra. O novo modelo busca oferecer uma rota mais segura e controlada para migrantes, ao mesmo tempo em que endurece as medidas contra travessias ilegais. O programa será lançado de forma experimental e, segundo as autoridades britânicas, pode vir a se tornar permanente, dependendo dos resultados.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que assumiu o cargo no início de julho após vitória do Partido Trabalhista nas eleições gerais, classificou o acordo como um “avanço responsável”, voltado à retomada do controle das fronteiras e ao cumprimento das obrigações humanitárias internacionais. Emmanuel Macron, por sua vez, afirmou que a França está comprometida em combater o tráfico humano e colaborar com soluções conjuntas que respeitem os direitos humanos e a soberania dos países envolvidos.
A medida representa uma mudança significativa em relação à política migratória adotada pelo governo conservador anterior, que tentava enviar requerentes de asilo para o Ruanda, plano que enfrentou forte oposição judicial e internacional. O acordo entre França e Reino Unido marca um passo em direção à cooperação direta entre os dois países europeus, algo que vinha sendo enfraquecido desde a saída do Reino Unido da União Europeia.
Ainda segundo a Reuters, os detalhes operacionais do programa, incluindo os critérios de seleção dos migrantes e os mecanismos de retorno, serão definidos nos próximos meses. Organizações de direitos humanos acompanham com atenção os desdobramentos do pacto, cobrando garantias de que os processos de devolução respeitem os tratados internacionais de proteção a refugiados.
O novo acordo foi anunciado durante visita oficial de três dias de Emmanuel Macron ao Reino Unido, que incluiu reuniões bilaterais sobre defesa, comércio e cultura. Trata-se da primeira visita de Estado de um presidente francês ao país desde o Brexit.