(Foto: AP Photo via Brasil 247)
O conflito entre Israel e Irã atingiu um novo patamar nesta segunda-feira (23), com ofensivas que ultrapassam alvos militares tradicionais e ameaçam a estabilidade regional. Em um dos episódios mais simbólicos e controversos desde o início da escalada, a força aérea israelense bombardeou a prisão de Evin, em Teerã — conhecida por abrigar presos políticos e críticos do regime iraniano.
Segundo reportagem da Reuters publicada nesta segunda-feira (23), o ataque à prisão Evin demonstra que Israel está ampliando sua estratégia para além de instalações militares e nucleares, mirando também a estrutura de sustentação política do regime dos aiatolás. Ainda de acordo com a agência, o bombardeio danificou áreas administrativas e estruturas internas da prisão, e ao menos dois cidadãos franceses estariam entre os detidos no local no momento do ataque.
A ofensiva provocou reações imediatas. O Ministério das Relações Exteriores da França classificou o ataque como “inaceitável” e cobrou o cessar imediato das hostilidades para permitir a retomada da via diplomática. Já o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos alertou para possíveis violações do direito internacional, destacando o risco para civis e detentos, além da destruição de infraestrutura essencial.
No mesmo contexto, o Irã confirmou a morte de dois importantes generais da Guarda Revolucionária durante ataques anteriores realizados por Israel: Saeed Izadi, comandante do “Corpo da Palestina”, e Benham Shariyari, especialista em logística bélica para o Hezbollah e os houthis. A informação foi confirmada pelo próprio governo israelense e divulgada pela CNN e pela BBC News em reportagens de 22 e 23 de junho.
Enquanto isso, a tensão se ampliou no Golfo Pérsico. Segundo o portal Axios, citado pela Reuters (23/06), o Irã lançou mísseis contra a base aérea Al-Udeid, no Catar, que abriga tropas americanas. As sirenes também soaram em Manama, no Bahrein, e foram detectados movimentos defensivos em instalações dos Estados Unidos no Kuwait e no Iraque. Autoridades do Pentágono, ouvidas pelo jornal The Washington Post, alertaram que uma retaliação iraniana mais ampla pode ocorrer “nas próximas 48 horas”.
A ofensiva liderada pelos Estados Unidos na semana passada, que destruiu parcialmente as instalações nucleares subterrâneas de Fordow, Natanz e Isfahan, é apontada como um dos catalisadores da reação iraniana. Esses ataques foram conduzidos por bombardeiros B-2 e confirmados pelo Departamento de Defesa norte-americano em nota oficial em 21 de junho.
Do lado civil, a escalada militar tem efeitos devastadores. Em Tel Aviv, famílias afetadas por mísseis iranianos voltaram para suas casas danificadas no bairro de Ramat Aviv, onde ainda se contabilizam escombros e prejuízos materiais. Segundo a Associated Press, 24 civis morreram em Israel nos últimos sete dias em consequência dos ataques iranianos, enquanto o Irã já registra mais de 430 mortos — entre militares e civis — desde o início da contraofensiva israelense.
A Rússia, por meio de comunicado oficial divulgado pelo Kremlin nesta manhã, condenou os ataques israelenses e americanos, classificando-os como “provocações que aproximam o mundo de um conflito de larga escala”. Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, renovou seu apelo para que “se dê uma chance à paz”, clamando pelo retorno urgente às negociações multilaterais interrompidas.
Apesar das pressões internacionais, o governo do Irã afirmou hoje, em declaração transmitida pela emissora estatal IRINN, que “não haverá diálogo enquanto os bombardeios persistirem” e reiterou que “toda agressão será respondida de forma proporcional e com máxima força”.
Fontes:
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Reuters – “Israel hits Evin prison, showing it is targeting Iran’s ruling system” – 23/06/2025
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BBC News – “Israel kills Iranian generals in fresh wave of strikes” – 23/06/2025
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The Washington Post – “Iran launches missiles at U.S. base in Qatar” – 23/06/2025
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CNN – “U.S. airstrikes destroy Iranian nuclear sites” – 22/06/2025
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Associated Press – “Tensions rise as civilians flee Tehran, Tel Aviv counts its dead” – 23/06/2025
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ONU – Declaração oficial de António Guterres, via UN News – 23/06/2025
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Ministério das Relações Exteriores da França – Nota oficial, 23/06/2025
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IRINN (TV estatal iraniana) – pronunciamento oficial, 23/06/2025