Brasil faz história no Festival de Cannes: Wagner Moura e Kleber Mendonça são premiados

 

O Brasil conquistou um dos maiores reconhecimentos da história do cinema nacional no último fim de semana. O filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, foi duplamente premiado no Festival de Cannes 2025, um dos mais prestigiados eventos cinematográficos do mundo.

A produção arrebatou os prêmios de Melhor Diretor, para Mendonça Filho, e Melhor Ator, para Moura — este último, um marco inédito para o cinema brasileiro. A obra também foi laureada com o Prêmio da Crítica Internacional (FIPRESCI), reforçando sua força estética e narrativa junto ao público especializado.

Um thriller brasileiro que conquistou a Croisette

Ambientado no Recife da década de 1970, em plena ditadura militar, O Agente Secreto acompanha Marcelo, um técnico em eletrônica que retorna à cidade natal e se vê envolvido em uma complexa rede de vigilância e conspiração. Com atmosfera tensa e visual estilizado, o filme combina elementos de thriller político e drama psicológico, explorando temas como identidade, repressão e liberdade.

O longa teve sua estreia mundial em 18 de maio e foi ovacionado por 13 minutos após a exibição — um dos momentos mais emblemáticos do festival este ano.

Cannes e a força do cinema autoral

O Festival de Cannes, realizado anualmente na Riviera Francesa, é um dos mais prestigiados eventos de cinema do mundo. Em 2025, o festival ocorreu entre os dias 13 e 24 de maio, celebrando sua 78ª edição. Reconhecido por revelar grandes talentos, influenciar indicações ao Oscar e dar visibilidade a filmes autorais e inovadores, Cannes premia obras e artistas com distinções que estão entre as mais cobiçadas da indústria cinematográfica. Entre os principais prêmios estão a Palma de Ouro (Palme d’Or), entregue ao melhor filme; o Prêmio de Direção, concedido ao diretor que se destaca pela excelência artística; os prêmios de Melhor Ator e Melhor Atriz, que reconhecem interpretações marcantes; o Grande Prêmio do Júri, voltado a filmes de grande mérito criativo; e o Prêmio FIPRESCI, oferecido pela crítica internacional.

Brasil protagonista no cinema mundial

Com essa conquista, Kleber Mendonça Filho se consolida como um dos principais cineastas do país, após sucessos como Aquarius e Bacurau. Já Wagner Moura entra para a história como o primeiro brasileiro a vencer o prêmio de melhor ator em Cannes, o que o coloca como forte nome para futuras premiações internacionais, como o Oscar.

A participação brasileira também se estendeu a mostras paralelas e ao Marché du Film, onde curtas universitários e co-produções receberam destaque. O reconhecimento reacende o debate sobre o investimento em cultura e o papel do audiovisual brasileiro no exterior.

Bastidores e repercussão

Durante a cerimônia, Kleber agradeceu em português, francês e inglês, mencionando a importância das salas de cinema e dedicando o prêmio ao povo brasileiro. Wagner Moura, que está em gravações em Londres, foi representado pelo diretor na entrega do prêmio.

A imprensa internacional — como The Guardian, Variety e Le Monde — elogiou a força do filme e a atuação de Moura, descrevendo o trabalho como “denso, vibrante e urgente”.

Uma vitória simbólica

Em um momento de desafios para a cultura no Brasil, a vitória em Cannes representa mais do que prêmios: é um símbolo de resistência artística, excelência técnica e relevância política. O cinema brasileiro segue pulsando — e agora, mais visível do que nunca.

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