Qualidade de vida pós câncer em mulheres: SOBREVIVER ou VIVER?

Dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que mais de 70.000 casos novos de câncer de mama poderão ser diagnosticados em 2025. O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente em mulheres no Brasil, após o câncer de pele.

Qualquer paciente, ao receber a primeira notícia difícil, do diagnóstico de algum tipo de câncer, inicia uma jornada rumo ao tratamento e objetivo de cura.

A cura está cada vez mais comum devido a diagnósticos precoces e avanços tecnológicos na terapêutica. Com isso, há atualmente enormes possibilidades de sobrevida após a notícia de alguma patologia cancerígena.

Entretanto, especificamente a mulher, ao vencer sua jornada e receber alta de seu tratamento, com cura de um câncer, seja ginecológico ou não, ainda pode passar por outra jornada. Muito facilmente, a segunda jornada se inicia quando ela ouve a segunda notícia: “agora nada de hormônios pra você”.

Pronto: a mulher SOBREVIVEU, mas não tem o direito de VIVER, atribuindo aos hormônios sua única forma de vida plena.

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Em primeiro lugar, qualidade de vida significa bem-estar físico, mental e espiritual, onde alimentação balanceada, atividade física regular e ter um propósito de vida são alicerces para se VIVER.

Sobre os hormônios, sim, há contraindicações de tratamentos hormonais pós câncer. O uso de contraceptivos hormonais e terapias hormonais para sintomas de menopausa, apresentam, no geral, contraindicações para mulheres com antecedente de câncer de mama.

Entretanto, de onde se tira a idéia de que essa forma de tratamento seja a única para garantir qualidade de vida para a mulher?

Além disso, a frase “muito bem, você teve câncer, agora nada de hormônios” é relativa em termos de tratamentos para atrofia genito urinária da menopausa.

Várias sociedades médicas mundiais concordam que nem todo tratamento hormonal local, via vaginal, é proibido.

Tratamentos locais hormonais, sem ação no corpo, a base de cremes ou capsulas vaginais, em sistema genital, para o ressecamento vaginal, dor na relação sexual, não são proibidos, quando bem indicados.

Para casos não recomendados, há ainda hidratantes vaginais não-hormonais e energias.

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Há ainda, várias opções terapêuticas não-hormonais, para os mais variados sintomas da menopausa, como complexos vitamínicos, ansiolíticos, suplementação de cálcio.

A respeito de tratamentos vaginais, há hidratantes e até uso de tecnologias vaginais como LASER CO2 ou FRAXX para atrofia e ressecamento, sem riscos quanto ao histórico da mulher.

Em resumo, as mulheres merecem ter uma conversa aberta, empática e de acolhimento com seu médico ginecologista de confiança.

Assim, alinhado ao oncologista, juntos podem programar estratégias para melhorar a qualidade de vida dessa sobrevivente do câncer, que tem agora todo o direito de VIVER!

Lembrar que após a tempestade, nasce a luz. SOBREVIVER ao câncer é um sinal de que, mesmo nos momentos mais difíceis, há sempre uma nova chance de recomeçar, mais forte, ser mais grata pela vida e VIVER!

Dra. Gisele Vissoci Marquini

Ginecologia/ Uroginecologia/ Cirurgia vaginal

CRM: 34170   RQE 19701

Imagens: google domínio público

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