A campanha “Setembro em Flor”, promovida anualmente, tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce dos cânceres ginecológicos, que afetam órgãos como colo do útero, endométrio, ovário, vagina e vulva. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, no triênio 2023-2025, haverá 704 mil novos casos de câncer por ano, sendo mais de 32 mil relacionados a tumores ginecológicos.
Segundo a Dra. Gisele Vissoci, ginecologista do Hospital Mater Dei Santa Clara, apesar de serem algumas das formas de câncer mais comuns entre as mulheres, o diagnóstico precoce pode aumentar consideravelmente as chances de cura. “Quando detectados em fase inicial, os cânceres ginecológicos têm maiores possibilidades de tratamento eficaz, muitas vezes evitando cirurgias mais agressivas”, explica.
Um dos mitos combatidos durante a campanha é a ideia de que não existem sintomas precoces para esses tumores. Alguns sinais, como pressão abdominal, inchaço, desconforto pélvico e sangramento vaginal fora do período menstrual, podem ser indícios de câncer de ovário ou útero. Mulheres na menopausa devem redobrar a atenção, pois qualquer sangramento anormal deve ser investigado.
Outro ponto destacado pelo Setembro em Flor é a detecção precoce por meio de exames de rotina. O Papanicolau, por exemplo, é fundamental para a detecção de alterações no colo do útero, prevenindo o desenvolvimento de câncer cervical. No entanto, esse exame não detecta outros tipos de câncer ginecológico, como o de ovário, que requer atenção especial a fatores de risco, como histórico familiar e mutações genéticas.
A campanha também desmistifica a crença de que o câncer de ovário é impossível de ser detectado em estágios iniciais. Apesar de ser um dos tumores mais difíceis de diagnosticar, os avanços na medicina têm melhorado as taxas de sobrevivência, especialmente quando o tratamento é realizado por especialistas em oncologia ginecológica.
Fatores de risco, como hábitos de vida e histórico familiar, são aspectos que podem ser controlados para a prevenção dessas doenças. A Dra. Gisele recomenda a prática de atividades físicas regulares, controle do peso, além de evitar o consumo de álcool e cigarro, como formas de prevenção. “O acúmulo de gordura corporal está diretamente relacionado ao aumento do risco para diversos tipos de câncer”, destaca. “É importante também controlar os fatores genéticos. Aquelas pacientes que têm histórico familiar devem iniciar o rastreamento o mais cedo possível e procurar sempre um ginecologista para fazer os exames de rotina para diagnóstico precoce”, complementa.
Entretanto, os desafios do Brasil no combate aos cânceres ginecológicos vão além da conscientização e prevenção. A ginecologista ressalta a importância de democratizar o acesso ao diagnóstico e tratamento, principalmente em áreas rurais e de difícil acesso. “Precisamos investir em tecnologia, na capacitação de profissionais e no alcance a essas populações”, conclui.
A campanha “Setembro em Flor” reforça a necessidade de diálogo aberto sobre saúde ginecológica, incentivando as mulheres a procurarem regularmente seus médicos para exames de rotina e se manterem informadas sobre as formas de prevenção e tratamento dos tumores ginecológicos.