A chegada de um bebê é um momento repleto de emoções e expectativas, e preparar-se adequadamente para as primeiras semanas é fundamental para garantir o bem-estar tanto do bebê quanto da mãe. Nesse período, o estado emocional da mãe, o preparo físico durante a gestação e o suporte da rede de apoio desempenham papéis essenciais para uma transição suave e saudável.
Estado emocional da mãe
Durante a gestação, o estado emocional da mãe influencia diretamente o desenvolvimento do vínculo materno-fetal e pode afetar a produção de leite após o parto. Segundo especialistas, as doenças mentais são prevalentes no processo gravídico-puerperal, com cerca de 30% das mulheres desenvolvendo algum tipo de transtorno mental no pós-parto. O blues puerperal, uma fase de melancolia comum no pós-parto, pode durar semanas ou até anos, impactando a amamentação e o vínculo com o bebê.
“É essencial que as mães compreendam que essas dificuldades emocionais não são culpa delas, mas sim um processo de adoecimento. A privação de sono, as alterações hormonais e a intensa demanda emocional do pós-parto requerem compreensão e apoio”, afirma Paula Machado, obstetra do Hospital Mater Dei Santa Clara.
Preparação física durante a gestação
A prática regular de atividade física durante a gravidez é altamente recomendada, salvo exceções. Além de reduzir o risco de complicações como diabetes gestacional e hipertensão, manter-se ativa contribui para uma recuperação pós-parto mais rápida e eficaz. “O mínimo recomendado é de 150 minutos semanais de atividade física moderada, distribuídos em, pelo menos, três sessões semanais”, recomenda a médica.
Consulta pré-natal pediátrica
Uma das recomendações importantes para os futuros pais é agendar uma consulta com o pediatra que acompanhará o bebê após o nascimento. Esse encontro inicial, que tem se tornado cada vez mais comum, é uma oportunidade para os pais se familiarizarem com o médico que cuidará da saúde do bebê desde os primeiros dias de vida. “Durante a consulta, a pediatra pode antecipar situações normais do recém-nascido, ajudando a acalmar a ansiedade dos pais e oferecendo orientações práticas para os cuidados iniciais”, orienta Cristiane Carvalho, pediatra do Hospital Mater Dei Premium Goiânia.
Preparando a Bolsa da Maternidade
Arrumar a bolsa da maternidade com antecedência é importante para garantir que tudo esteja pronto para o grande dia. A recomendação é começar a preparar a bolsa a partir da 35ª semana de gestação. A quantidade de malas, incluindo a do acompanhante, fica a critério de cada família, mas é importante que contenham todos os itens necessários para o conforto da mãe e do bebê durante a estadia no hospital. O Hospital Mater Dei Santa Clara dispõe de uma lista que pode ser consultada para que nada seja esquecido.
Curso de gestante
Para os futuros pais que desejam se preparar de forma ainda mais completa, a participação no curso “Casal Grávido”, oferecido pela Rede Mater Dei de Saúde, é altamente recomendada. Este curso é ministrado por uma equipe de profissionais de saúde, incluindo ginecologistas, obstetras e pediatras, e aborda uma ampla gama de tópicos essenciais para a gestação e os cuidados com o recém-nascido.
Durante as aulas, os participantes têm acesso a informações detalhadas sobre cada fase da gestação, incluindo os cuidados no pré-natal, as adaptações do corpo da mãe e o desenvolvimento fetal, preparação para o parto, cuidados pós-parto para a mãe e o bebê, e a amamentação.
Hora de ouro
De acordo com Paula, precisamos compreender a importância de garantir os direitos do recém-nascido, que é vulnerável e depende completamente dos cuidados que recebe. “Um dos momentos mais críticos para o desenvolvimento saudável do bebê é a chamada “hora de ouro”, que se refere à primeira hora após o nascimento. Estudos científicos têm demonstrado que esse período é crucial para estabelecer o contato pele a pele entre a mãe e o bebê, proporcionando inúmeros benefícios”.
Esse contato imediato ajuda a estimular a produção de leite materno, substancial para a amamentação bem-sucedida. Além disso, durante essa hora, o bebê entra em contato com a flora bacteriana saudável da mãe, o que contribui para a formação de um microbioma forte, protegendo-o de futuras infecções. Esse momento também é fundamental para a criação de um vínculo emocional profundo entre mãe e filho, o que pode diminuir o risco de depressão pós-parto e promover uma descida mais eficiente do leite.
“Embora seja desejável que o bebê mame durante essa primeira hora, não há necessidade de pressa. O mais importante é que ele tenha a oportunidade de encontrar o seio materno, entrar em contato com o colostro, aquecer-se e sentir o toque e o cheiro da mãe. Esses primeiros momentos são fundamentais para iniciar a amamentação de forma natural e tranquila”, explica a obstetra.
É importante ressaltar que esse benefício não se restringe aos partos normais. Mesmo em casos de cesariana, é possível e altamente recomendado que o bebê tenha o contato pele a pele com a mãe. “Para isso, é necessário que a temperatura da sala de parto seja mantida acima de 23 graus, garantindo que o bebê fique aquecido e confortável durante esse contato inicial. Essas medidas simples, mas cientificamente embasadas, são essenciais para assegurar que o recém-nascido aproveite ao máximo os benefícios da ‘hora de ouro’, independentemente do tipo de parto”, acrescenta Paula.
Sinais de que o bebê está bem alimentado
Nos primeiros dias após o nascimento, os pais podem se preocupar se o bebê está se alimentando adequadamente. “Alguns sinais importantes incluem diurese frequente com urina de aspecto claro, fezes pastosas, fontanela plana (moleira), e o bebê dormindo após a mamada, soltando o seio espontaneamente. Esses sinais indicam que o bebê está recebendo nutrição suficiente”, explica a pediatra Cristiane.
Cristiane lembra também que, durante a amamentação, é comum que o bebê engula o ar, o que pode causar desconforto e distensão abdominal. Por isso, é importante permitir que o bebê arrote após a mamada, eliminando o ar ingerido e prevenindo problemas que possam atrapalhar a amamentação.
O papel da rede de apoio
A rede de apoio é preciosa para o sucesso na maternidade. Ela oferece suporte emocional e prático, ajudando as mães a lidarem com os desafios da amamentação, mudanças hormonais, transformações corporais e a readaptação à vida cotidiana. Um bom sistema de apoio permite que a mãe se concentre em sua recuperação e no cuidado com o bebê, sabendo que tem com quem contar em momentos de necessidade. “A rede de apoio materno é aquele ombro, real ou virtual, onde as mães podem desabafar e entender as transformações que a maternidade traz à vida – das dificuldades de amamentação ao desmame, solidão, hormônios, transformações do corpo, até a retomada da rotina do casal”, afirma a pediatra.
Dicas para uma maternidade mais leve
Para tornar a maternidade um período mais leve e prazeroso, é recomendável seguir algumas sugestões da médica Cristiane:
– Prepare-se financeiramente e dedique tempo para aproveitar esse momento especial.
– Evite expectativas externas; cada maternidade é única.
– Crie sua própria rotina e garanta um ambiente tranquilo para você e seu bebê.
– Cuide de sua alimentação e hidratação.
– Permita-se errar e aprender.
– Tenha uma rede de apoio bem estabelecida.
– Informe-se sobre o funcionamento do seu corpo durante a amamentação.