Ao observar nossa sociedade através das lentes da educação, podemos perceber que vivemos em tempos onde a superproteção parental está se tornando um padrão. Famílias extremamente protetoras, em um esforço para poupar seus filhos de qualquer sofrimento, acabam privando-os de experiências essenciais para o seu desenvolvimento emocional e psicológico.
Ao afastar as crianças de todas as frustrações, os pais criam uma redoma que impede que os filhos desenvolvam habilidades cruciais para enfrentar os desafios diários que a vida propõe.
Um exemplo claro de como a frustração pode ser uma ferramenta valiosa para o crescimento está nas Olimpíadas. Cada atleta que compete nos Jogos Olímpicos tem uma história de superação, que muitas vezes inclui inúmeras derrotas. Essas perdas, longe de desanimá-los, funcionam como aprendizado e motivação para que eles possam seguir em frente, melhorar e alcançar seus objetivos. As derrotas ensinam valores para a vida tais como a resiliência, a perseverança e a capacidade de se reerguer diante das adversidades e seguir a diante.
Um exemplo bem conhecido disso é a história de Michael Jordan, um dos maiores atletas de todos os tempos do basquete. Antes de alcançar o estrelato Jordan foi excluído time de sua escola. Essa frustração não o fez desistir; ao contrário, ele usou a experiência como um trampolim para trabalhar ainda mais duro e se tornar o grande atleta que conhecemos hoje. É justamente essa capacidade de transformar perdas em aprendizado que queremos ensinar às crianças. Mas para isso, eles precisam experimentar situações de frustração.
No contexto das Olimpíadas, vemos inúmeros exemplos de atletas que, após derrotas dolorosas, retornam ainda mais fortes. A judoca Beatriz Silva, que ganhou ouro em Paris 2024, apesar de suas inúmeras vitórias, também enfrentou derrotas que a ensinaram a aprimorar suas técnicas e a entender melhor suas limitações e pontos fortes. Ao ser eliminada das Olimpíadas de Tóquio 2021, Beatriz prometeu a si mesma: “Falei para mim mesma que eu não ia sentir aquilo que eu senti de novo, de não ir para uma Olimpíada”.
Essa jornada de aprendizado contínuo é algo que deve ser valorizado e transmitido às crianças desde cedo. Se as crianças são continuamente protegidas de qualquer tipo de frustração, elas perdem a oportunidade de desenvolver resiliência e autoconfiança.
A proteção excessiva impede que elas experimentem o fracasso e, consequentemente, aprendam a lidar com ele. Sem essas experiências, os jovens podem crescer com uma visão distorcida da realidade, esperando que tudo lhes seja dado sem esforço, e podem se tornar adultos incapazes de lidar com os desafios inevitáveis da vida.
Diante disso, é essencial que pais e educadores compreendam que, às vezes, perder pode ser mais benéfico do que ganhar. Ao permitir que as crianças enfrentem dificuldades e frustrações, estamos lhes dando a oportunidade de crescer, aprender e se tornarem mais fortes. Em vez de tentar protegê-los de todas as adversidades, devemos incentivá-los a enfrentá-las, apoiando-os e guiando-os no processo de aprendizagem que cada derrota traz consigo.
Da mesma maneira que os atletas nos mostram que as perdas podem ser transformadoras, podemos ensinar às crianças que as derrotas são uma parte natural e essencial da vida. Perder não precisa ser o fim; mas pode se tornar uma etapa no caminho para o sucesso. Quem perde também pode ganhar, e às vezes, as maiores vitórias vêm daqueles que aprenderam a se reerguer após uma queda.
REflexão pontual e exata para o momento que o mundo vive nas competições dos esportes, o que automaticamente transporta para a vida pessoal de todos nós ! Parabéns pela matéria Thaise!
Excelente reflexão sobre superação e educação dos filhos para a vida. Perder, ter frustrações podem ser trampolim para autoconfiança e fortalecimento. Parabéns!