“Muitos terão diploma, poucos serão médicos”

Esta frase citada recentemente pela querida médica ginecologista e obstetra Dr Eliane EspÍndola faz todo o sentido diante do cenário de proliferação de faculdades particulares de Medicina no Brasil. A maioria com qualidade de ensino questionável.

Segundo dados publicados (out/2023) pela Associação Paulista de Medicina, há 560 mil profissionais em atividade que ultrapassam a marca de 2,7 médicos por mil habitantes, índice superior ao de países como Estados Unidos e Japão. O Brasil, portanto, não precisa de mais faculdades de Medicina, pois as 389 que estão atualmente em funcionamento já nos garantem o segundo lugar no mundo, atrás apenas da Índia, que entretanto possui população superior a 1,2 bilhão de pessoas.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, os cursos de Medicina devem funcionar somente em municípios que atendam pelo menos três critérios: oferta de, no mínimo, cinco leitos públicos de internação para cada aluno; acesso de, no máximo, três alunos a cada Equipe de Saúde da Família (ESF); e presença de hospital ensino. “Como esses parâmetros passaram a ser tratados de forma subjetiva, cerca de 80% das escolas médicas existentes não cumprem pelo menos um desses itens, o que demanda uma ação contundente de fiscalização”, defendem as entidades nacionais.

Sociedades médicas alertam para a possível falta de qualidade de formação e assistência com essa suposta manobra política de se criar cursos e vagas de Medicina com critérios questionáveis. Além disso, recomendam melhor distribuição do contingente médico existente, com necessidade de apoiar a fixação de médicos em áreas remotas. Importa na medicina, o suporte de planos de carreira de Estado, com maior segurança profissional e investimento em infra-estrutura e tecnologia no interior, para o médico ter a dignidade de desenvolver a profissão sem colocar em risco o paciente.

É ilusão acreditar que a fixação médica no interior dependa da abertura desenfreada de faculdades de medicina. Na verdade, o médico não permanece em áreas remotas por falta de estabilidade na carreira garantida pelo Estado, falta do mínimo de tecnologia para dar diagnósticos e tratamentos, e falta de infra-estrutura básica para cuidar de sua família.

A carreira médica precisa de politicas de Estado perenes independente de governos, com formação de médicos em instituições que ofereçam o mínimo para aprender uma assistência digna para população, com eficiência e segurança. Assino esse post como manifesto para que a luta das entidades médicas nesse contexto tenho o apoio da parte mais interessada que são nossos pacientes. Como pacientes, temos nossos familiares que também merecem ter um atendimento digno, por médicos, e não por cidadãos, até bem intencionados, mas simplesmente iludidos com diploma de medicina.

Que tenhamos médicos de qualidade e não excesso de dilplomados em medicina.

Dra. Gisele Vissoci Marquini

GIinecologia/ Uroginecologia/ Cirurgia Vaginal

CRM 34170MG  RQE 19701

 

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