Bem, vamos lá. Regulação ainda não é uma palavra tão comum em nossa cultura. Mas, acredite, sem ela ninguém consegue se relacionar bem com os outros nem consigo mesmo. Ou seja, estamos falando de algo imprescindível e que vamos desenvolvendo ao longo do nosso crescimento e amadurecimento. Caso contrário o stress predomina na vida da criança, do jovem ou do adulto, interferindo em todo o seu desenvolvimento global, seja psicológico, cerebral, fisico, social ou biológico.
Mas, afinal, o que é isso? A regulação trata-se da habilidade de reagir diante de situações incômodas ou adversas sem se prejudicar ou ter uma hiper reação.
Já nascemos com isso? Não. Faz parte do que vamos aprendendo desde bebezinhos, de acordo com as relações significativas que temos.
Um bebê de poucos dias chora. Está sentindo um incômodo que nem sabe ao certo o que é.Devido a este desconforto ele usa sua voz: chora. Sua mãe, que tem uma boa vinculação com ele, percebe o tipo de choro, lembra-se que ele está há mais de 2 horas e meia sem mamar e conclui que provavelmente está com fome. A mensagem do bebê é compreendida e sua necessidade é atendida pela mãe. Um bebê expressa em média de 35 a 50 necessidades básicas diárias. Se na maioria das vezes estas situações são compreendidas e atendidas, ele vai crescendo confiante, seguro. O oposto também é verdade: se excessivas vezes suas necessidades básicas (fome, frio, calor, dor, sono…) não são atendidas, a criança cresce com baixa auto estima, não acredita que sua voz tenha importância nem confia nos outros; crescendo insegura, solitária e com medo.
Observe que no exemplo acima a mãe foi uma reguladora externa, alguém de fora que atendeu a necessidade do bebê. A medida em que a criança cresce, ela discerne que aquele incômodo não é frio ou dor, mas fome, Ela até consegue chegar para a mãe e usar as suas palavras: “-Mamama, papapa.” E a mãe prontamente lhe dá algo para comer. Nesta situação a criança já é co-reguladora, pois participa da resolução do problema.
Quando está maior, o infante não apenas sabe identificar que o desconforto é fome, mas também sabe que em cima da mesa há uma fruteira que pode ser por ele acessada. Por sua própria iniciativa pega uma fruta e resolve o seu problema. Então se torna o auto-regulador. Aprendeu a lidar com este tipo de situação sem hiper reagir, sem criar desconforto nos outros e sem ficar magoado, com dores internas. Aprendeu a resolver.
Interessante que este processo de aprendizagem da autorregulação não pula etapas. Só teremos autorregulação em uma área se antes tivermos um regulador externo para ser nossa referência e instrutor, depois um co-regulador para então sermos capazes de nos auto-regular.
REGULAÇÃO EXTERNA – CO-REGULAÇÃO – AUTORREGULAÇÃO
Crianças que tiveram falhas nestas fases, precisam voltar lá atrás, mesmo se já estiverem na vida adulta, para aprenderem a se autor-regular. Vamos ser sinceros? Há áreas na nossa vida onde ainda somos desregulados. Quantas vezes somos explosivos demais, excessivamente pacatos, perfeccionistas, glutões, beberrões… enfim. Nossas crianças não farão o que lhe dissermos, mas se espelharão em nós e aprenderão sobre regulação com a nossa forma de responder, de agir, ou de reagir.
Quanto mais nos conhecermos e entendermos quais são os gatilhos que nos ativam a reagir negativamente, mais condições teremos de agir de forma planejada ao invés de reagirmos sem planejamento algum, e depois nos arrependermos.
Nos atentarmos aos gatilhos dos nossos meninos possibilita-nos mostrar a eles os botõezinhos que os desregulam e co-construirmos caminhos mais saudáveis de reação, ou até de ação. Ensaios sobre como agir em situações difíceis, feitos de forma divertida, com fantoches, bonecos, brincadeiras, habilita nossos filhos a se desenvolverem na co-regulação e na autorregulação.
E ai, conseguiu se enxergar neste texto? Compartilha com a gente. Vamos pouco a pouco melhorando a qualidade das relações intra e interpessoais.
Muito interessante esse texto, acredito que seja dessa forma que que acontece. Por isso muitos adultos descontrolados e desorganizado. Levarei isso pra vida e ensinarei meus futuros filhos a serem adultos melhores.
Meu Deus que fantástico esse artigo
Muito necessário esse artigo! Obrigada Sara!!!!