Nesta quarta-feira (31) foi à vez dos representantes e proprietários de chácaras serem ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada pela Câmara Municipal de Uberlândia para investigar possíveis irregularidades praticadas pela Cemig no fornecimento de energia elétrica em Uberlândia, conforme sugestão do promotor de justiça Fernando Martins (Defesa do Consumidor).
Chácaras antes irregulares, mas que mesmo com a regularização fundiária ainda enfrentam problemas como a falta ou as constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica, cuja rede deixou de ser fiscalizada e a sua manutenção realizada. Eles contam que solicitam informações à estatal mineira (Cemig), sem êxito, desde 2020, quando tudo piorou muito.
Deputado Elismar Prado (Pros)
De acordo com o deputado estadual Elismar Prado (Pros), o fornecimento de energia elétrica, um serviço essencial deve ser de qualidade, uma vez que é pago pela população que sofre com os constantes “apagões” e seus prejuízos, embora a conta continue a chegar mensalmente para o consumidor. Ele aponta que o sucateamento da empresa, que também sofre com a corrupção, mais a falta de novos investimentos e de manutenção das redes são as principais causas dessa situação caótica. O quadro de servidores reduzido mais investimentos não cumpridos vêm somar e potencializar o desserviço.
“Eu tenho certeza que esses constantes apagões são consequências de má gestão. É bom lembrar que o controlador da estatal, o governador, continua de braços cruzados sem fazer absolutamente nada. A Cemig está completamente sucateada, costumo dizer que a empresa está completamente desidratada. Essa é uma luta que vai ser constante com cobranças pontuais e por isso não podemos criar falsas expectativas. Sou totalmente contra a sua privatização que trará mais prejuízos para o consumidor como, por exemplo, o fim da tarifa social, lógica do capital. Sem mudanças radicais e estruturais nada vai ser diferente”, concluiu o deputado Elismar.
Deputado Weliton Prado (Solidariedade)
Descaso com os seus consumidores. É como define o objeto de investigação da comissão de inquérito o deputado federal Weliton Prado (Solidariedade). A seguir ele apontou à falta de novos investimentos, o desmonte das equipes de trabalho, a existência de processos fraudulentos, como algumas das várias irregularidades constatadas pelo poder público no dia a dia da Cemig. A falta de apoio, segundo ele, também prejudica a luta e que há muito tenta mudar essa realidade, assim como a falta de respeito pelos poderes políticos que quando questionam ficam sem resposta.
“Eles não respeitam ninguém, ninguém mesmo e ainda fazem o que querem porque sabem que não serão punidos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deveria dar o exemplo, não pune empresa alguma por nada, nem mesmo sendo provada a existência de contratos fraudulentos. Pelo contrário, blindam as empresas fornecedoras de energia elétrica. Assim, sem mudanças profundas e a união de todas as forças nada deve mudar. Essa é uma luta que deve continuar porque não é fácil lutar contra poderosos. A cobrança de todos, em todas as esferas, é fundamental”, afirma.
Para ele, já que as empresas são todas omissas, a comissão é importante no sentido de fiscalizar para a justiça poder punir. É preciso mostrar a realidade e pressionar o descaso antes mesmo que o sucateamento seja vantajoso para a privatização, a preço de banana, da Cemig. O deputado garante que o fim da estatal piora a prestação de serviços por um lado e provoca o aumento de preço por outro. Ele garante que quem privatizou agora pede a estatização, a fiscalização e a manutenção dos serviços fundamentais.
“Há 20 anos nós avisamos a todas as entidades de classe que isso iria acontecer, mas ninguém ligou. Agora, estão sentindo o que previmos. O fornecimento de água e energia deve ser um direito de todos que pagam por ele, por esses serviços que não são de graça. O pior é o consumidor pagar e não poder de fato usufruir 100% de um serviço que quase sempre não é constante porque os chamados “apagões” não permitem. Temos consciência que são serviços correlacionados que quando um deixa de ser oferecido ainda prejudica o fornecimento do outro”, finaliza.
As próximas reuniões ordinárias da CPI da Cemig, audiências públicas, serão realizadas nos dias 22 e 23 de fevereiro no Plenário Homero Santos, segundo seus inegrantes, os vereadores Liza Prado (presidente), Antônio Augusto ‘Quejinho’, Odair José, Dudu-Luiz Eduardo e o relator Leandro Neves, que está saindo de um período de repouso por ter contraído recentemente o coronavírus.