Comissão Extraordinária de Prevenção e Enfrentamento ao Câncer – debate sobre a atenção a crianças e adolescentes com câncer

Comissão ouviu gestores de hospitais que tratam da doença e especialistas sobre o tema, em busca de soluções

 

dificuldade de obter o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, devido à insuficiência de centros especializados em oncologia pediátrica, torna o Brasil um país com mortalidade alta por essa doença. Esta foi a principal conclusão dos participantes de audiência pública que a Comissão Extraordinária de Prevenção e Enfrentamento ao Câncer realizou nesta quinta-feira (14/9/23), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião foi solicitada pelo presidente do colegiado, deputado Elismar Prado (Pros).

Algemir Brunetto, superintendente e fundador do Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre (RS), resumiu o quadro atual da oncologia pediátrica no País, durante a reunião, que discutiu a implantação da primeira política de atenção voltada a esse setor.

Ele lembrou que o câncer infantil é o que mais leva a óbitos, apesar de haver grande chance de cura, desde que seja diagnosticado precocemente.

Brunetto defendeu que uma política para o câncer infantil deve ser diferenciada de uma voltada para o câncer em adultos. Nesse último caso, afirma, são necessários grandes centros para o tratamento; já na oncologia pediátrica, precisa-se de unidade minimamente estruturada para fazer o diagnóstico precoce. Quando isso não ocorre, atrasa-se o diagnóstico e a doença evolui rapidamente.

Brunetto comemorou a sanção em 2022 da Lei Federal 14.308, que institui a Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica, para garantir atendimento integral a crianças e adolescentes (0 a 19 anos) com câncer. Como fruto dessa norma, foi aprovada em agosto de 2023 uma portaria, que traz o plano de atenção ao diagnóstico do câncer infantil.

Como sugestão, ele propôs a criação de uma auditoria de performanceque avaliaria não apenas o número de atendimentos, mas o índice de cura de cada unidade que trata o câncer.

Subfinanciamento 

A diretora-presidente do Hospital da Baleia, Tereza Paes, apresentou como um dos principais gargalos o subfinanciamento da saúde como um todo no Brasil, o que dificulta muito a ampliação e as melhorias em áreas específicas, como a do câncer infantil.

Dentro dos incrementos que ela julga importantes, ela citou investimentos em telemedicina, como forma de ampliar o atendimento oncopediátrico, especialmente no interior do Estado. Também defendeu o estímulo à residência médica na oncopediatria e a formação de mais profissionais qualificados nessa área.

Por fim, ela lembrou que o Hospital da Baleia vai fazer 80 anos, atendendo a 88% dos municípios mineiros, com 26 leitos para crianças com câncer. Seis oncopediatras atuam na instituição, que realizou 32 mil rádio e quimioterapias no ano passado.

Antonio Carlos Arantes (1º – secretário da ALMG – PL/MG), Claudio Dornas de Oliveira (diretor de Assistência à Saúde da Santa Casa de Belo Horizonte), Amanda Guias Santos Silva (superintendente de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), Elismar Prado (deputado estadual PROS/MG), Tereza da Gama Guimarães Paes (diretora-presidente do Hospital da Baleia), Audir Ribeiro de Abreu Junior (médico oncologista pediátrico do Hospital Regional do Câncer da Santa Casa de Passos), Maryane Rodrigues Ferreira (representante regional da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) Foto: Daniel Protzner

Ao final da reunião, o deputado Elismar Prado disse esperar que o Estado, a partir da apresentação desse diagnóstico, possa apresentar um plano estadual de atenção à oncologia pediátrica. “Temos muito a avançar, mas podemos começar seguindo o exemplo do que já temos de referência em Minas Gerais”, declarou o parlamentar.

Ele informou que nos Estados Unidos as inovações no atendimento ao câncer infantil propiciaram redução de 50% nas mortes desse público. “No Brasil, cerca de 20% das crianças que morrem com câncer sequer são diagnosticadas”, lamentou. Ele frisou que o País apresenta grandes vazios de atendimento, nas regiões ao Norte. “Crianças não podem ser condenadas à morte porque na sua região não há atendimento”, afirmou.

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