Hoje, o voleibol brasileiro é reconhecido mundialmente como uma grande potência, e essa conquista é motivo de orgulho e satisfação para todos os amantes do esporte. Admirável não apenas por seus grandes talentos individuais, mas também pela dedicação, garra e determinação dos jogadores e equipes que representam o país em competições nacionais e internacionais. Nesse contexto de sucesso e evolução, um nome brilha com luz própria: Bernardo Rocha de Rezende, mais conhecido como Bernardinho.
Bernardinho é uma figura que vai além do que os holofotes esportivos mostram. Nascido em 25 de agosto de 1959, no Rio de Janeiro, ele já treinou natação, judô, futebol e tênis, antes que o voleibol tomasse conta do seu coração.
Após 23 anos liderando as seleções brasileiras de vôlei (sete no feminino e 16 no masculino), e somando mais de 40 títulos ao país, Bernardinho deixou um legado incontestável.
Embora o público o associe a personalidades explosivas, seu trabalho está sempre voltado para a melhoria do ambiente e das pessoas ao seu redor. Ele revolucionou o treinamento, tornando o Brasil uma potência mundial no vôlei e referência para muitos outros esportes.
Ao longo dos anos, Bernardinho se consolidou como um exemplo de liderança, humildade e perseverança. Sua capacidade de inspirar e motivar seus jogadores é aclamada por colegas, atletas e torcedores. Sua abordagem no esporte vai além das quadras, enfatizando a importância da educação, do respeito ao próximo e da ética.
Além do extenuante treinamento técnico, às vezes criticado por ser muito exigente, alguns princípios foram fundamentais para a formação da equipe de Bernardo. O trabalho em equipe é sua principal preocupação. Para Bernardinho, nenhum talento individual – por mais inacreditável que seja – poderia ofuscar o time. O objetivo que é definido a cada jogo, a cada jogo, todos têm que alcançá-lo se quiserem ter êxito.
Bernardinho é um homem inteligente, observador e líder nato, sempre foi o capitão dos times em que jogou, tanto de base quanto de seleção. Durante a Seleção, já foi suplente do capitão Willian, mesmo assim, manteve as características de liderança.
Bernardinho levou a seleção brasileira de vôlei a inúmeras conquistas, incluindo duas medalhas de ouro olímpicas(Atenas 2004 e Rio 2016). Seu comprometimento com o esporte o fez superar obstáculos e buscar constantemente melhorias técnicas e táticas. Entre troféus e medalhas, Bernardinho conquistou mais de 50 títulos, incluindo sete medalhas olímpicas, inclusive uma como jogador.
Los Angeles, 1984 – Prata (como jogador)
Atlanta, 1996 – Bronze (Seleção feminina de vôlei)
Sydney, 2000 – Bronze (Seleção feminina de vôlei)
Atenas, 2004 – Ouro (Seleção masculina de vôlei)
Pequim, 2008 – Prata (Seleção masculina de vôlei)
Londres, 2012 – Prata (Seleção masculina de vôlei)
Rio de Janeiro, 2016 – Ouro (Seleção masculina de vôlei)
A experiência desportiva permitiu Bernardinho encontrar um novo desafio no mundo dos negócios. Em 2019, ele foi contratado pela Madeira Madeira para orientar a equipe de gestão no IPO da empresa, que planeja expandir. Dois anos depois, em 2021, Bernardinho foi convidado a integrar o comitê de pessoas, cultura e governança da Ar&Co, grupo de moda liderado por Ronnie Meisler.
O livro “Transformando Suor em Ouro”, escrito pelo profissional, já vendeu mais de 500 mil exemplares. O sucesso em quadra fez de Bernardinho um instrutor requisitado. Em palestras motivacionais, ele desenvolveu a “Roda da Excelência”, que reitera diferentes valores como trabalho, equipe, liderança, motivação, perseverança e outros conceitos e formas de alcançar objetivos. Bernardinho também desempenha um excelente trabalho na área de gestão de pessoas, incluindo formação de equipes, liderança e alto desempenho (especialmente quando sob pressão).
O estilo de liderança, baseado na disciplina, motivação e trabalho em equipe, moldou gerações de atletas e treinadores, deixando um legado duradouro no esporte. Suas vitórias olímpicas e medalhas de ouro com a seleção masculina atestam seu talento como técnico e sua capacidade de enfrentar desafios. Seu nome está escrito na história do voleibol e permanecerá para sempre como um exemplo de determinação, paixão e sucesso, motivando as futuras gerações a perseguir seus sonhos e objetivos com perseverança e determinação. Bernardinho foi e sempre será uma lenda do esporte, uma fonte inesgotável de inspiração para quem sempre dá o melhor de si, dentro e fora de campo chegando sempre ao Match Point, seja nas quadras ou na vida.
Bernardinho concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Soberana, confira:
Rodrigo Vieira: Giannis Antetokounmpo, após a eliminação do seu time na primeira rodada dos playoffs da NBA fez uma avaliação sobre a derrota que repercutiu em todo o mundo “Não é fracasso, são passos para o sucesso”. Nesse sentido, gostaria de saber qual recado o Bernadinho transmite a sua equipe após uma derrota?
Bernardinho: “O vídeo Giannis é uma das coisas mais interessante, quando ele é questionado pela enésima vez depois de uma derrota, que não tem nada a ver com o fracasso, muito pelo contrário, porque se ele chega até o playoff, chega até uma decisão e perde, é porque ele trilhou um caminho muito bacana, de progresso, mas é parte do esporte. Assim como você não bate a meta em todos os trimestres de sua empresa e você não ganha de todos os concorrentes, no mundo esportivo também não. E acredito que a coisa mais importante do líder é como lidar nestes momentos, saber lidar nesses momentos. Acho que o muito mais importante do que pensar em dizer, é pensar no que fazer. Estar próximo ao seu time, ombro a ombro com eles, em momentos de dificuldades, talvez seja o melhor a ser feito. Muito mais do que dizer palavras de incentivos, é estar no dia seguinte, ajudando-os a melhorar, a se questionar, provocando a turma a buscar por uma evolução. Momento de derrotas, é quando você precisa estar à disposição, estar lá com eles e para eles, sempre. E em momentos de vitorias, apertar para que a guarda não baixe e as pessoas se mantenha atentas e mobilizadas.”
Rodrigo Vieira: A dor e o tédio vindo da repetição e da abdicação que se faz necessário ter todos os dias para a alta performance é recompensada apenas pela conquista? Ou o ser humano precisa ser apaixonado pela jornada e não somente pela conquista final?
Bernardinho: “Eu acho que em qualquer área que você atue, se você não amar o processo, não gostar do dia a dia, mesmo porque você vai ter vitórias e derrotas, vai ter altos e baixos, momentos de tédio e euforia, em algum momento você vai largar. Ou você passa a amar o processo, ou a consistência necessária para ter o verdadeiro êxito continuado é quase impossível, se você realmente não se apaixonar pelo processo, se você se apaixona apenas pela conquista final, a frustração é eminente, ela é garantida.”