Fonte: Google
Alguns dias atrás, conversando com uma jovem que tem limitação motora, ela me pediu para tratar sobre a Sexualidade para pessoas com algum tipo de deficiência física ou redução motora, a partir daquela conversa começou a minha pesquisa e conversas com algumas pessoas que possuem esse tipo de limitação.
Mas antes de entrar no assunto proposto, temos que entender o que se caracteriza uma pessoa com Deficiência e/ou redução motora.
No Brasil existe um estatuto voltado exclusivamente para esse grupo de pessoas a chamada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência (PcD), é identificada como PcD todo aquele individuo que possui impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais, tanto de origem congênita quanto adquiridos em sua vivência, sendo que esses impedimentos podem comprometer a participação plena dessas pessoas na sociedade. É identificado através dessa lei como tipos de deficiência: a deficiência física, intelectual, mental, sensorial, a qual se divide em visual e auditiva e múltipla.
Por muito tempo, infelizmente, as pessoas com algum tipo de deficiência foram colocadas à margem da sociedade, os mitos e ideias preconceituosas ainda faz parte na vivência da sexualidade dessas pessoas. O preconceito direcionado a essas pessoas se relaciona à ideia de normalidade, de sexo útil, correto e não pecaminoso o que põe em detrimento quem não corresponde aos padrões de corpos e comportamentos “normais” divulgados pelas diversas instituições. Muitas vezes esses preconceitos estão enraizados, dificultando a vivência da sexualidade a partir da visão de outros, tanto pela ideia de inadequação ou pela ideia de inexistência de sexualidade, apenas falando sobre a sexualidade quando começa a se manifestar de modo inadequado, como um “problema”, ao longo dos anos essas pessoas foram atendidas por instituições especificas, podendo ser privadas do convívio comunitário. Mas como tudo precisa ser melhorado, não podemos ficar parados no tempo, esse grupo foi pouco a pouco conquistando maiores espaços na sociedade, mas este processo de quebra de tabus precisa ser ampliado cada vez mais, pois há espaço para esse grupo que tem muito a contribuir com a nossa sociedade, afinal eles também fazem parte da sociedade. Mesmo com avanço da humanidade e a chegada da dita modernidade, a pessoa com deficiência ainda encontra barreiras, assim como se deparar com preconceitos das demais pessoas ao conviver em sua comunidade, frequentar a escola e o local de trabalho, assim como quando vive sua sexualidade.
Já falamos que a sexualidade não está ligada apenas no ato sexual ou coito, pois ela engloba os processos corporais e afetivos, então sexualidade de corpos considerados divergentes, como as PcD, também é alvo de cuidados e de respeito, fazendo a inclusão dessa parte da nossa sociedade.
Muitas vezes, a mídia, as escolas, o ambiente de trabalho e outros seguimentos da sociedade, englobam apenas aqueles considerados “normais”, saudáveis e não possuidores de deficiências, o que contribui para aumentar e perpetuar os diversos mitos que circundam sobre a sexualidade das pessoas com deficiência.
Na construção social dos conceitos de sexualidade e deficiência observamos que existem alguns componentes culturais e históricos, passando por períodos de marginalização. Hoje em dia, essas temáticas são debatidas de forma mais aberta, porém, quando associadas, causam incômodo, primeiramente, porque a sexualidade costuma ser relacionada apenas ao ato sexual, e, depois, quando envolve pessoas com deficiência, provoca discussões sobre as possíveis dificuldades sexuais, orgânicas e psicossociais, vivenciadas por essas pessoas, levando-as de um extremo ao outro, ou seja, tem sua sexualidade muito aflorada ou muito reprimida.
As dificuldades sexuais encontradas organicamente estão relacionadas à influência do comprometimento proveniente da deficiência na resposta sexual (desejo, excitação e orgasmo) e as dificuldades psicossociais correspondem à forma como os padrões normativos, impostos socialmente, interferem nessa resposta. No campo da sexualidade, os padrões normativos estão vinculados à moral, ou seja, determinam a orientação e a resposta sexual, a estética, a configuração familiar e os sentimentos que são moralmente aceitáveis, quanto à deficiência, esses padrões estão relacionados ao corpo (saúde, funcionalidade e estética) e são correspondentes às características da maioria, da classe dominante.
Então, diante das exigências impostas pelos padrões normativos, quando se fala sobre sexualidade das pessoas com deficiência, alguns mitos são construídos e disseminados, descrevendo-as como: assexuadas ou pervertidas; que não precisam receber orientação sobre sexualidade; que são pouco atraentes e incapazes de manter um vínculo amoroso e sexual; têm disfunções sexuais; não necessitam de privacidade; merecem a piedade das pessoas; são estéreis, geram filhos com deficiências e/ou não tem condição de cuidar.
Novas pesquisas na área da sexualidade e da deficiência se fazem necessárias, tanto para colher mais relatos das pessoas com deficiência quanto para investigar grupos pouco estudados, como as pessoas com deficiência visual e auditiva, e propor programas de orientação sexual para esse público. Espera-se que a sociedade, um uma forma geral, possa contribuir para as discussões da sexualidade das PcD, questionado mitos e preconceitos e promovido reflexões.
Cabe a nós, sociedade como um todo, assumir que ainda nos comportamos de forma equivocada perante as pessoas com limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais. E ao poder público, se faz necessário implantar mais políticas públicas que facilitem a vida da Pessoa com Deficiência, para que esses cidadãos exerçam plenamente seus direitos constitucionais e participem mais da vida social.
Na próxima semana iremos abordar mais sobre esse tema e aprofundar ainda mais nesse assunto.
Um beijo no seu coração
Até a próxima semana
Beto Pinheiro
@betocpinheiro