Sexualidade Feminina – Parte II

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Vivemos em uma constante evolução e mudança de conceitos, por vezes nossa sociedade consegue quebrar tabus, mas infelizmente também conseguimos criar outros, e na área da Sexualidade não é diferente, bem verdade que já avançamos bastante sobre esse assunto, ao longo dos anos derrubamos mitos e fantasias, aprofundamos nos estudos e pesquisas e ainda temos um longo caminho a percorrer.

Já entendemos, nos artigos anteriores, que a Sexualidade é uma experiência ampla, por envolver o ser que somos a nossa personalidade e, com ela, aquilo que é capaz de nos atrair ou nos repelir, o que nos faz sentir atração por uma pessoa e desejar ter com ela a intimidade de uma relação afetivo-sexual. Envolve, então, não só a nossa personalidade, mas envolve, também, a personalidade de outros que nos relacionamos, fazendo assim uma via de mão dupla.

Embora o exercício da sexualidade inclua o aspecto físico e, nesse sentido, a aparência pode ser mais importante para algumas pessoas e, para outras, menos, ela abarca, também, uma construção que ocorre ao longo de nossa história como sujeito. Isso coloca o corpo sobre uma carga de subjetividade, o “culto ao corpo perfeito” traz uma carga enorme para as pessoas que buscam uma resposta, trazendo muito mais duvidas do que esclarecimentos, relativizando um assunto de extrema importância, fazendo assim a necessidade de termos uma educação voltada para esse assunto como um processo constante, fazendo que ela ocorra de modo não intencional, nas mensagens cotidianas de cada sociedade e cada cultura, presente nos discursos familiares, religiosos, midiáticos e/ou nos comentários diversos etc.

A ideia de que a Sexualidade é algo “natural” e que não devemos falar sobre ela, pois deveria está pronta, ou que ao longo da vida irá se desenvolver, ainda limita muito as mulheres a expor de forma saudável a sua Sexualidade, sendo muitas mulheres não chegam a conhecer seus corpos e ter clareza sobre o que lhes dá prazer ou como serem realmente felizes com a sua Sexualidade, infelizmente é frequente ouvir relatos de mulheres que, atravessadas pela compreensão de que precisam respeitar e satisfazer o desejo de seus parceiros, de que homens “naturalmente precisam de sexo, mais do que as mulheres”, tenham relação sexual sem vontade ou que sejam somente objeto de prazer para eles. Por outro lado, quando conhecem seu corpo e querem exercer seu direito de busca pelo prazer, podem se experimentar “fazendo algo errado”, ou, ainda, temendo não serem bem-vistas pelos seus companheiros. Por outro lado, concepções de que a sexualidade masculina é envolta de certa agressividade, impulsividade ou força pode legitimar relações violentas. Isso é extremamente grave e gerador de sofrimento para muitas mulheres.

Também, por isso, quero lembrar aqui que o exercício da sexualidade é amplo e diverso que é uma construção e estará sempre atrelado ao ser que somos. É assim, por exemplo, que as vivências da sexualidade se alteram nas diferentes idades. Mas, também, a partir das experiências de vida que se tem em outros aspectos da sua existência ou da pessoa com quem você se relaciona.

Examinar como se sente em relação à sua sexualidade pode ser o ponto de partida para o exercício de uma vivência sexual articulada a quem desejar ser. Refletir sobre a relação que estabelece com esse aspecto da vida pode lhe auxiliar a compreender o que é vivido nessa esfera de sua existência e avaliar se há algo que deseja mudar ou se tem tido a oportunidade de experimentar conexão e intimidade com o outro da sua relação afetivo-sexual.

Lembre-se de que, embora possa haver dificuldade para abordar esse assunto em suas relações, conversar com pessoas de sua confiança pode dar a oportunidade de viver experiências de ainda mais reciprocidade e entrelaçamento afetivo dentro de uma relação, seja ela duradoura, seja ela casual.

O mais importante é que você mulher se conheça, seja livre para entender sobre a sua Sexualidade, não tenha medo de experimentar o novo em sua vida, para viver novos conceitos, sem fronteiras, sem barreiras sem tabus.

Um grande beijo no seu coração e até a próxima semana!!!!

Beto Pinheiro

@betocpinheiro