No Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, entenda quem define a sigla e qual é a mais usada
Esta quarta-feira, 28 de junho, é o Dia Internacional do Orgulho LGBT. Ou do Orgulho LGBTQIA+? Ou, ainda, do Orgulho LGBTQIAPN+? A sigla evolui desde os anos 90, quando ainda se utilizava o termo GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), hoje em desuso. Ela continua passando por transformações constantes e pode confundir quem não está acostumado a ouvi-la. Mas, independentemente da forma que toma, serve ao mesmo propósito, defendem pesquisadores do tema: dar visibilidade a uma população que ainda não tem plenos direitos no Brasil e no mundo.
Do GLS ao LGBT
Além de estar fora de moda, falar GLS não quer dizer muita coisa. A sigla para “gays, lésbicas e simpatizantes” deixa muita gente de fora e ainda inclui pessoas que simplesmente “simpatizam” com a luta por direitos da população LGBTQIA+. O termo foi popularizado com boas intenções, em 1994, pela jornalista e produtora cultural Suzy Capó, já falecida, cofundadora do Festival Mix Brasil de Cultura e Diversidade e que foi uma das disseminadoras da temática da diversidade sexual no audiovisual. Ela o utilizou nos preparativos para o festival de cinema Mix Brasil, que celebrava o cinema alternativo, e ele logo foi incorporado por mais pessoas.
O escritor e pesquisador sobre memória e performatividades LGBTQIA+, Luiz Morando, explica que, naquela época, a sigla não era considerada problemática, porém o cenário mudou quase 30 anos depois. “Atualmente, ela é um problema porque, primeiro, simplifica muito a diversidade. A sigla também não incorpora a população T, de transgêneros e travestis, que é um grupo muito marginalizado, alvo de muitas mortes e que precisa ter visibilidade. GLS ficou muito desatualizado”, explica ele.
Além de GLS, também se utilizou a sigla GLBT durante alguns anos. Mas ela foi formalmente abandonada no Brasil em 2008, durante a 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, encontro promovido pelo governo federal com entidades representativas dessa população. Decidiu-se adotar LGBT. A mudança buscou dar mais visibilidade às mulheres lésbicas, o L da sigla, pois a população de homens gays vinha tomando o protagonismo do movimento em alguns espaços.
Falar somente LGBT+ não basta?
O + utilizado após as letras da sigla abre portas para uma infinidade de expressões de sexualidade e identidades de gênero, então por que não meramente utilizar LGBT+ e parar a sigla por aí? O pesquisador Luiz Morando justifica: “Mesmo com o sinal de +, que pressupõe que existem outras letras, orientações e identidades, é sempre bom dar mais visibilidade a elas, porque isso obriga as pessoas, de certo modo, a compreenderem, pensarem, refletirem e até se sensibilizarem com essas diferenças na nossa população”.