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O espaço público para tratar da Sexualidade Feminina é uma conquista da mulher atual. Há poucas décadas, falar desse assunto, questionar, ou sentir a própria sexualidade era considerado um sacrilégio. As mulheres que conversavam sobre sexo eram muitas vezes julgadas ou isoladas, até mesmo devolvidas para as famílias de origem depois de um casamento. Pensar em orgasmo então, era praticamente proibido.
E por que, mesmo com essas conquistas ainda temos tabus em relação à sexualidade feminina? Por que a mulher precisa usar de subterfúgios em consultas médicas, ou entre amigas para iniciar esse diálogo? Por que até mesmo, com o próprio parceiro há restrições de diálogos?
Atualmente vivemos uma possível “Síndrome de Mulher Maravilha”, onde a mulher precisa estar bem fisicamente, sarada, precisa ser exemplo de mãe, empreendedora, politizada, amiga, filha, descolada, antenada, graduada, bem humorada e ainda ter vontade de praticar sexo todos os dias. Não rotular capacidades devido à idade, ou a qualquer fator biológico é louvável. Entretanto, a mulher pode estar pagando um preço alto pelo excesso de perfeccionismo e acúmulo de tarefas diárias. Como consequência, se sente cansada, com fadiga, sem disposição para o sexo e totalmente com libido em baixa.
A mulher com essa “Síndrome da Mulher Maravilha”, pode se tornar um alvo fácil para especialidades da medicina não reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, com tratamentos questionáveis, não respaldados pelas sociedades médicas especializadas, dispendiosos, com a promessa de milagre em tudo, na energia, na libido e até no casamento. A mulher passa até mesmo a acreditar que microgramas de hormônios masculinos podem fazer a diferença da sua vida, como se a sexualidade feminina precisasse comprar a sexualidade masculina para funcionar. Assim, a mulher maravilha pode se tornar uma paciente vulnerável para uma medicina não padronizada.
Biologicamente, o período ovulatório feminino compreende uma produção de hormônios androgênicos, que favorece a busca pelo parceiro para procriação. Esses hormônios interagem com receptores cerebrais que estimulam o desejo sexual, a libido e consequentemente o orgasmo. Além desse período, a autoestima, o relaxamento, o amor próprio, a satisfação pessoal, a sensação de ser amada pelo parceiro também produzem os mesmos hormônios e neurotransmissores ao longo do ciclo, de forma flutuante, nem sempre todos os dias porque somos mulheres, e não máquinas! Será que realmente precisamos comprar essas substâncias? “Ah doutora, mas os meus hormônios estavam baixos”. Há patologias, mas em 90% das vezes, são substâncias flutuantes que dosagens isoladas não trazem confiabilidade clínica. E vale lembrar que variam de acordo com a fase do ciclo fisiologicamente.
Será que um olhar mais profundo sobre nós mesmas, sobre os elogios diários e sinceros dos relacionamentos de longa data, uma reorganização da própria vida, estabelecendo prioridades não pode trazer resultado mais duradouro e sublime na nossa libido feminina? Convido você a experimentar seus próprios hormônios, seus próprios neurotransmissores para assumir o comando da sua vida. Convido você a se permitir, a se experimentar e a se doar para você mesma. Libido e orgasmo serão consequências de sua conquista. Não haverá prazer maior.
Grande abraço da sua gineco soberana
Dra. Gisele Vissoci Marquini
Matéria de grande valia pra nós mulheres contemporâneas, com tantos compromissos, sejam
eles profissionais, familiares e pessoais. Conselhos que realmente devemos seguir para uma saúde plena. Parabéns amiga!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
*para
Obrigada pelas palavras! A idéia é que a gente busque a sexualidade em nós mesmas, quando não há outros distúrbios. Bj!