O QUE É BULLYING?

O que é bullying?

Imagem: Portal Educação

Bullying é todo tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e violento nas relações interpessoais, principalmente no âmbito escolar.

A expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional, repetitivo e recorrente, praticado, portanto, por um bully, ou seja, um agressor contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Tanto as meninas quanto os meninos podem ser vítimas de bullying. As agressões, o assédio e as ações desrespeitosas são “gratuitos”, ou seja, apenas pelo mero prazer do agressor, que normalmente se considera mais forte que os demais. Seu objetivo é maltratar, humilhar, intimidar e amedrontar os considerados mais “frágeis”, considerando-os como objetos de diversão, prazer e poder. Isso produz muita dor e sofrimento nas vítimas.

Quais as formas de bullying?

O bullying pode estar presente de várias maneiras:

Verbal: insultos, ofensas, xingamentos, gozações, apelidos pejorativos, piadas ofensivas, racistas e preconceituosas, “zoação.

Físico e material: bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima, atirar objetos contra as vítimas.

Psicológico e moral: irritar, humilhar, ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar, fazer pouco caso, discriminar, aterrorizar, ameaçar, chantagear, intimidar, tiranizar, dominar, perseguir, difamar, passar bilhetes e desenhos entre os colegas de caráter ofensivo, fazer intrigas, fofocas (mais comum entre as meninas).

Sexual: abusar, violentar, assediar, intimidar.

Virtual: caluniar ou falar mal dos colegas utilizando as redes sociais na internet.

Imagem: Toda Matéria

Quem são as vítimas do bullying?

São as pessoas que apresentam pouca habilidade de socialização. São os alunos tímidos, reservados, inseguros, sensíveis, passivos, submissos, com dificuldade de se expressar, e que não conseguem reagir às agressões e provocações dos demais colegas. Na maioria das vezes são mais frágeis fisicamente ou apresentam alguma característica que os destacam dos demais alunos. Ou são baixinhas ou altas demais, são magrinhas ou gordinhas, usam óculos, aparelho nos dentes, possuem alguma deficiência, tem sardas ou manchas na pele, tem nariz ou orelhas mais destacados, usam roupas mais simples ou então fora de moda, são de raça, religião ou condição financeira diferentes ou ainda de orientação sexual diferente. Podem ainda ser considerados os alunos que estudam muito e são intitulados de “nerds”. Os motivos para o bullying são os mais diversos, mas sempre tem como característica algo que fuja ao “padrão” imposto pelo grupo.

O que leva uma pessoa a se tornar um agressor e praticar bullying?

A educação marcada pela ausência de limites, a carência afetiva, transtorno de conduta, problemas na formação do caráter. Tem também relação com a maneira de criar os filhos, com autoridade e poder exercido pelos pais, onde os filhos tomam como exemplo as atitudes dos pais. Entre essas atitudes poderíamos citar as práticas educativas que incluem maus tratos físicos, agressões verbais, humilhações, agressões psicológicas e explosões emocionais violentas.

E como identificar os agressores?

Os agressores normalmente são pessoas que apresentam condutas antissociais de padrão repetitivo e persistentes, como por exemplo: mentem constantemente; praticam violência e crueldade com animais, irmãos e coleguinhas; comportam-se de maneira desafiadora e opositora diante de figuras de autoridade (pais e professores); são irresponsáveis com seus pertences e matérias escolares; tem acessos de raiva, de fúria quando contrariados, tem baixa tolerância à frustração; revidam; são insensíveis com as pessoas, não tem sentimento de culpa ou de remorso; não se sentem constrangidos quando pegos em flagrante; fogem de casa ou da escola, matam aula; violam as regras, mesmo sabendo que poderão ser punidos; participam de fraudes e de falsificação de documentos; executam pequenos roubos ou furtos; podem estar envolvidos com álcool e/ou drogas; mostram-se sexualmente precoces, com sexualidade exacerbada, podendo chegar a extremos como violentar crianças ou adolescentes mais frágeis; podem praticar atos de vandalismo, como destruição do patrimônio público (pichações, por exemplo); costumam dizer que são inocentes, que a culpa é sempre do outro; há ainda histórico de homicídios (como no caso do índio Galdino que foi queimado vivo enquanto dormia, por cinco jovens de classe média em Brasília em 20/04/1997) .

Como podemos ajudar as vítimas do bullying?

Uma das formas de lidar com esta questão é procurar a ajuda de um psicólogo e/ou psiquiatra. A psicoterapia irá ajudar a vítima do bullying a adquirir habilidades específicas nas relações interpessoais. Entre estas habilidades estão: assumir uma postura mais assertiva diante das provocações, na resolução de conflitos, na melhora da autoestima e na superação dos medos perante o estabelecimento de novos relacionamentos.

O trabalho com o psicólogo inclui ainda a elaboração dos traumas, evitando que se tornem ansiosos, inseguros, depressivos ou mesmo agressivos O tratamento pode ainda associar psicoterapia com medicação prescrita pelo psiquiatra para combater os sintomas de transtornos emocionais que podem ter sido desencadeados pelos ataques de bullying.

Como superar? 

A vítima pode ou não superar o trauma causado pelo bullying e essa superação vai depender das suas características individuais, do seu relacionamento consigo mesmo, com sua família e com seus amigos.

Para superar o bullying, é primordial não se isolar, e procurar apoio na família, com a escola e com os amigos em que confia.

Com os amigos nos sentimos mais fortes e mais autoconfiantes. Procurar pessoas que tenham algo em comum conosco, que gostem das mesmas coisas que gostamos pode ser uma excelente alternativa para superar os efeitos negativos e devastadores do bullying.

Conversar abertamente com os pais e pedir ajuda é fundamental, e por fim, procurar um profissional especializado que possa ajudar na aquisição de novos repertórios que proporcionem o aumento da autoestima é de extrema importância.

Se a vítima não conseguir desenvolver estratégias para superar o trauma, poderá ter sérios comprometimentos no seu comportamento e nas suas relações, tendo dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar, transtornos emocionais, entre outros já citados.

Imagem: Info Escola

Como os pais podem descobrir se o filho está sofrendo bullying? 

As vítimas do bullying normalmente dão sinais de que estão passando por problemas, e os pais e professores devem prestar atenção nas pistas: queixa de dor de cabeça, enjoos, dor de estomago, vômitos, problemas de apetite, dificuldades para dormir. Alguns desses sintomas se manifestam com grande intensidade nos momentos que antecedem a ida à escola.

Apresentam também mudanças frequentes de humor, podem ter explosões de raiva ou de irritação, se comportam de maneira diferente do habitual. Geralmente tem poucos amigos, recebem poucos convites para festas. Gastam muito na cantina da escola, comprando presentes para os agressores, seja para agradar, na tentativa de evitar as agressões ou porque são coagidos a presenteá-los. Começam a apresentar diversas desculpas para faltar às aulas, Se queixam de doenças que podem de fato existir, por conta da somatização, que é quando um estado emocional pode provocar uma doença física. Até mesmo porque o bullying causa baixa imunidade e deixa a vítima com predisposição às doenças.

Podem ficar irritadas, ansiosas, tristes, infelizes ou deprimidas. Começam a apresentar notas baixas e baixo rendimento escolar.

O que os pais podem fazer para ajudar o filho a superar o trauma? 

O bullying interfere na autoestima, na concentração, na motivação para os estudos, na dificuldade em se relacionar, contribui para o baixo rendimento escolar e pode causar problemas físicos e emocionais. Entre os problemas físicos podemos citar os psicossomáticos como diarreia, febre, vômito, problemas estomacais, cefaleia, bruxismo, alergias, entre outros. Entre os emocionais destacamos os transtornos de ansiedade e a depressão que pode gerar ideias suicidas.

Os pais devem procurar sempre o diálogo, principalmente para evitar o bullying, para prevenir. Sabemos que hoje em dia é tudo muito corrido e a competitividade no mercado de trabalho nos pressiona. Isso faz com que os pais tenham menos tempo para ficar com os filhos. Mas filhos são escolhas, e toda escolha tem seus ônus e seus bônus. Os pais precisam dedicar tempo na educação dos filhos, tempo para conversar, para saber como os filhos estão se sentindo, e devem principalmente participar ativamente da vida dos filhos. Desde muito cedo é importante que os pais reforcem com palavras e atitudes os aspectos positivos e os acertos das crianças. Fazendo dessa forma, as crianças se sentem mais seguras e autoconfiantes, e se por acaso se tornarem vítimas de bullying romperão mais facilmente as barreiras do silêncio e denunciarão os agressores.

Alguns pais agem de maneira totalmente desastrosa ao lidar com uma situação de bullying, diminuindo seus filhos e tecendo comentários irônicos, até mesmo responsabilizando o vitimado pela falta de competência em lidar com os abusos sofridos. Geralmente agem assim por não terem repertório suficiente e adequado para lidar com problemas ou estão apenas repetindo e reproduzindo experiências da sua própria infância ou mesmo da vida adulta. Por falta de conhecimento acreditam que dessa forma estarão educando o filho e incentivando-o a reagir. Mas, sem perceber os pais apenas estão alimentando a insegurança e o sentimento de inferioridade dos filhos e reforçando as atitudes dos agressores. Assim, a vítima permanece em silêncio e engrossando as estatísticas do bullying.

O ideal é que os pais procurem conversar com seus filhos, procurem a escola quando perceberem que algo está errado e se necessário encaminhem os filhos para acompanhamento com um profissional da saúde, que pode ser um psicólogo ou um psiquiatra.

 

Kátia Beal
Psicóloga – CRP 04/36616

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