Em meu artigo anterior: “Afinal, é bullying ou não é?”, falei sobre a importância que deve se dar aos relatos que os filhos trazem aos pais, que envolvem questões relacionadas à abusos verbais e físicos. Falei da importância de ajudar os filhos a refletir sobre as situações vividas e concluir se o que ele está passando configura bullying ou não.
Após passar os fatos por um filtro criterioso, e enfim concluír que a criança ou adolescente está vivenciando situações de bullying, seja na escola ou em qualquer outro tipo de ambiente, é momento de agir. E agir rapidamente.
Esse assunto é sério e a prova disso é a existência da Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como “intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação”.
Especialistas no assunto defendem que pais e escola precisam estar atentos aos comportamentos das crianças e adolescentes e assegurar que a comunicação esteja sempre aberta para que juntos vençam essa batalha. O diálogo é a melhor arma contra esse tipo de violência. A atenção deve ser especial aos casos que começam silenciosamente, pois nesses casos os danos podem ser maiores. Por isso, quanto maior for a escuta ativa dentro de casa e a parceria entre família e escola, maiores serão as chances de resolver por definitivo esse problema.
De acordo com dados do MEC, a gravidade desse fato se confirma por meio de estudos recentes como Diagnóstico Participativo da Violência nas Escolas, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) em 2015, que revelou que 69,7% dos estudantes declaram ter presenciado alguma situação de violência dentro da escola.
A preocupação com os dados fez com que o termo bullying fosse incluído também na Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015. Nesse estudo, 7,4% dos estudantes informaram que já se sentiram ofendidos ou humilhados e 19,8% declararam que já praticaram alguma situação de intimidação, deboche ou ofensa contra algum de seus colegas.
Portanto família, bullying não é brincadeira e se não for tratado com a devida importância pode gerar no agredido sequelas emocionais e até físicas difíceis de reparar.
Ao observar que seu filho está sofrendo bullying na escola indico tomar essas quatro atitudes que são fundamentais:
1- Comunique imediatamente a escola. Procure o professor ou coordenador da escola de seu filho e relate os fatos. A escola e a família precisam caminhar lado a lado sempre e em nenhuma das partes pode haver omissão em suas ações. Certifique-se de que está havendo uma movimentação para resolver o problema. Para isso, é importante que haja
confiança e transparência entre você e a escola que você escolheu para que seu filho estudasse.
2- Analise os motivos pelo qual o jovem ou criança tem sofrido bullying, alguns fatores podem ser resolvidos a partir de uma ação prática. Exemplo: se a criança está acima do peso, procure ajuda nutricional, crie momentos prazerosos em família que todos possam se divertir e praticar atividades físicas juntos;
3- Ferramente emocionalmente seu filho. Ensine-o como agir de maneira assertiva nos momentos em que estiver sendo intimidada. Ele precisa sentir-se seguro e confiante quando estiver no ambiente ao qual tem sofrido bullying. A vítima precisa ser ensinada a agir para se defender, sem se tornar um agressor. Ensinar a buscar ajuda de uma autoridade no momento em que a ofensa acontecer é de suma importância;
4- Não minimize a dor de quem está sofrendo bullying, procure ouvir, agir de maneira empática e se necessário procure ajuda profissional para ajudar a reorganizar as emoções e comportamento.
Passar por situações adversas como essas podem se tornar momentos ensináveis para toda vida. Não que desejamos passar por algo assim para amadurecer ou evoluir, mas caso aconteça que seja tratada de maneira correta e a tempo. Vamos vencer o bullying e devolver para o mundo pessoas melhores.
Fonte de dados: portal.mec.gov.br