Ano novo, perspectivas novas?

“Para ganhar um Ano-Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que Ano-Novo cochila e espera desde sempre.” 

Carlos Drummond de Andrade

Com a chegada de um ano novo, torna-se necessário, pensarmos no tempo como possibilidade de existência, análise do passado e recomeços, num empo presente. Intentar um novo tempo significa renovar esperanças, traçar planos, criar estratégias, estipular metas e, também, agradecer o que se conseguiu no ano que já se findou. Nesse momento, devemos nos colocar em um tempo de sensatez e, quem sabe, fazermos um balanço geral das nossas ações e atitudes; nossos erros e acertos; ponderar sobre as metas alcançadas e aquelas que nem foram pensadas, e, as outras, ainda, que precisariam ser traçadas.

Nesse momento de tamanha sensibilidade, será preciso olhar para dentro de nós e analisar o que de fato estamos cumprindo da missão idealizada; o que fizemos ou deixamos de fazer ao longo de nossa caminhada pela vida.

Sabemos que para alcançar esses objetivos e diminuir as chances de frustrações das metas planejadas, é necessário seguir algumas diretrizes na execução de cada tarefa elencada para ser realizada no Novo Ano.

Gostaria que aqui, ficasse bem claro, que a nossa vida não muda com a virada de um ano, mas, certamente, podemos mudar a forma que vamos encarar daqui para frente. O que passou, bom ou ruim, deverá ficar para trás e a principal atenção deverá estar sobre o tempo enquanto renascimento.

Para ilustrar nossa posição sobre a construção e futuridade do tempo, citamos Sócrates (399 a.C), no seu julgamento depois de ter escolhido a morte, preferindo-a ao exílio. Esta atitude, na Idade Contemporânea, é considerada como uma escolha nobre. Ele afirmava: “A vida não examinada não vale a pena ser vivida”. Penso que teremos, se não avaliada, uma vida à deriva. Uma vida insegura, sem porto e, portanto, podendo se naufragar.

Não é por acaso que o primeiro mês do ano leva o nome de JANEIRO. Vem de Jano (do latim, Janus), o deus romano das mudanças, transições, dos inícios, das decisões e escolhas. As inscrições mitológicas atribuem a Jano o poder sobre todos os começos.  Daí JANEIRO ser o mês de balanços e recomeços.

Dentre todos os itens do planejamento, existem alguns que, já arrisco afirmar aqui como: adquirir um estilo de vida mais saudável; caminhar; meditar; abandonar vícios; estudar línguas; dedicar mais tempo à família e aos amigos; conseguir um novo emprego; “arrumar” um namorado, alcançar a estabilidade financeira, e muito mais.

Creio que, pela frente, tenhamos mais 365 dias de novas oportunidades. Deveremos saber usá-las com interesse, vontade e determinação, no tempo certo. Sem mágoa. Sem tristeza. Sem desânimo. Com a certeza de que caminharemos no sentido do bem, cumprindo e avançando nas metas pensadas; jogar fora velhos hábitos e se arriscar em novas atitudes.

A vida é muito curta para acordarmos com arrependimentos. Para nos culpar do não feito. Para nos cobrar do feito indevido. Vamos fazer desse Ano Novo, um tempo de renovação da mentalidade, eliminação de vícios e de valoração do OUTRO, como parte de si.

Pois bem, o tempo não volta. Todo o nosso tempo é consumido na vida funcional. Assim, como as águas que correm pelo rio, o tempo que se passa, nunca mais se repete. Ao encerrar um ano, temos a chance de analisar as falhas ocorridas para iniciá-lo com atitudes renovadas – produzir um novo capítulo da nossa história. Do tempo passado, podemos guardar os aprendizados, as superações, os obstáculos que nos fortaleceram, tornando-nos mais profícuos e sábios.

Para que nossas promessas, metas e perspectivas sejam realmente, verdadeiras, temos que nos perguntar:

– Tenho cumprido as promessas anteriores?

– Tiramos lições com as atitudes do tempo passado?

– O que realmente importa para a minha vida?

– Diante das conquistas, que aprendizados adquiri?

–  Penso nos OUTROS, como parte de mim?

– As mágoas, tristezas, e rancores ficaram em mim ou foram dissipadas?

– A felicidade faz parte das minhas propostas e atitudes?

Depois de responder essas questões novas perspectivas podem ser lançadas como:

– Cuide mais de si e do OUTRO; (cuidar de quem se ama)

– Valorize mais o tempo; (ele é nosso amigo, se caminharmos junto com ele)

– Reveja ações; (repagine com novas versões)

– Dê lugar ao novo; (ousar e mudar fazem parte das conquistas)

– Conheça um lugar novo; (de preferência diferente da cultura na qual vive)

– Estude mais; (outras línguas ou algo bem diferente do seu dia a dia)

– Não se cobre tanto; (a vida se encarrega disso)

– Dê o peso exato às coisas; (nem mais nem menos)

Enfim, desejo que tenhamos, nesse NOVO ANO, maiores possibilidades de valorizarmos ainda mais o que nos faz feliz.

Para que isso aconteça, as ações, os caminhos, as estratégias devem ser igualmente inéditas.

Sabedores dessas premissas, cada um de nós, finalmente, poderá criar seu plano anual de ideias e ações – todos eles carregados de firme propósito, vontade inabalável e muito sentimento de irmandade – todos eles ditando normas do seu próprio destino.

Profa. Dra. Geni de Araújo Costa

Palestrante, comunicadora e escritora

Ativista – Envelhecimento ativo e escritora

Podcaster – Bendita idade

Instagram – @benditaidade

genicosta6@gmail.com

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