Uberlândia na rota do teatro

Projeto criado pelo produtor Carlos Guimarães traz para a cidade peças de renome nacional

Palco de grandes espetáculos, Uberlândia está cada vez mais na rota do teatro nacional e recebeu este ano grandes peças que antes poderiam ser apreciadas apenas no eixo Rio-São Paulo.

Tudo isso é resultado de uma boa estrutura e do trabalho incansável de pessoas que acreditam no potencial da cidade, como Carlos Guimarães, que atua na produção cultural há três décadas. Ele conta que há sete anos assumiu para a sua programação o nome Uberlândia na Rota do Teatro. A proposta, segundo ele, é por querer que as pessoas, artistas e grupos do país, inserissem no percurso de suas turnês a cidade de Uberlândia. “Além do desafio de formar plateias expandimos a atuação também para a meta de dar visibilidade à nossa região e ao nosso teatro”, comentou.

Só este ano, mesmo com adversidades da pós-pandemia, Uberlândia recebeu vários espetáculos, como Love Love Love, com a premiada Debora Falabela. Na peça, uma família conta a história de sua geração entre 1967 e 2014, abordando, de maneira crítica, o contexto político e social de sua época, e demonstrando como as pessoas são modificadas pelo tempo em que vivem.

Maitê Proença trouxe “O Pior de Mim”, o premiado texto da atriz, autobiográfico em que ela faz uma autoanálise íntima e doída, revisitando a história de sua vida desde a infância até os dias de hoje. A montagem estreou em setembro de 2020 e esteve entre as melhores do ano pelo jornal O Globo e pelo portal Observatório do Teatro, além de receber indicação ao Prêmio Arcanjo de Cultura.

Outro grande espetáculo que desembarcou por aqui foi “Cura” da Cia de Dança Deborah Colker. A apresentação trata de ciência, da fé e da luta para superar e aceitar os nossos limites, do enfrentamento da discriminação e do preconceito. Com trilha original de Carlinhos Brown, a peça já foi vista por mais de 60 mil pessoas.

Um dos maiores sucessos de público no ano, com sessões esgotadas, foi Gal Costa, que trouxe “As Várias Pontas de uma Estrela” em comemoração aos seus 56 anos de carreira fonográfica. Um show onde a cantora mostrou as relações entre o riquíssimo repertório que ela própria apresentou ao Brasil e a obra monumental de Milton Nascimento.

Paulinho da Viola e seus filhos João Rabello e Beatriz, foi outra grande apresentação que mostrou os clássicos da carreira e músicas que marcaram a trajetória do artista.

Danilo Caymmi, também esteve por aqui, num espetáculo que convidou o público para um passeio pela vida, pelos bastidores e pela música de seu pai, Dorival Caymmi, um dos mais importantes cantores e compositores da história da nossa música.

As crianças não ficaram de fora da programação. Guimarães e sua equipe também trouxeram “O Aviador e o Príncipe”, adaptação do clássico O Pequeno Príncipe, com uma Companhia Ítalo-brasileira.

Provocou catarse também o musicalA Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa”, uma adaptação do clássico de Clarice Lispector de uma de suas obras mais emblemáticas na versão para os palcos, absolutamente original. Em cena o conceituado trio Laila Garin, Claudia Ventura e Leonardo Miggiorin deram um show de interpretação.

            Ao lado do filho, Alexandre Barbalho e do neto Pedro Medina, Arlete Salles se apresentou junto com Edwin Luisi em “Ninguém Dirá Que é Tarde Demais”. Com muita leveza e humor a peça dá dimensão da solidão de dois septuagenários em plena pandemia.

            Ainda para 2022, no início de novembro, será apresentada a comédia “Antes do Ano Que Vem”, com Mariana Xavier, quando a atriz traz sete personagens ao palco.  E a agenda se encerra com o principal grupo de dança do País e um dos melhores do mundo, o Grupo Corpo.  A companhia de dança contemporânea de renome internacional, já caminhando para o seu cinquentenário com 47 anos de estrada em nível planetário, se apresenta em dezembro na cidade. O espetáculo traz duas coreografias, o clássico 21 e o trabalho mais recente, Primavera.

            O produtor Carlos Guimarães promete grandes surpresas e pretende para 2023 prosseguir com sua agenda recheada de espetáculos e muita cultura pra quem, assim como eu, é apaixonada pelas artes cênicas.

Por Cristiane Guimarães

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