Crianças e adolescentes também correm o risco de ter varizes

Estudos populacionais têm demonstrado um aumento na incidência de varizes que acometem aproximadamente de 10 a 15% dos jovens que cursam o ensino médio

O cuidado com a saúde, em geral, é um fator importante para prevenir várias doenças, incluindo as varizes, que são veias dilatadas e tortuosas, que perderam sua capacidade de fazer o retorno venoso. Apesar de serem mais comuns em adultos e idosos, e apresentarem relação direta com o envelhecimento, não é uma condição exclusiva dessas pessoas, e podem também se manifestar em crianças e adolescentes. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 30% da população mundial apresentam problemas com varizes. Em 70% dos casos, surgem antes dos 30 anos.

A cirurgiã vascular e membro da Comissão de Varizes da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Profa. Dra. Camila Baumann Beteli, informa que alguns estudos populacionais têm demonstrado um aumento na incidência de varizes em crianças e adolescentes, que acometem aproximadamente de 10 a 15% dos jovens que cursam o ensino médio. “As varizes já podem estar presentes ao nascimento, porém é mais comum que apareçam conforme a criança cresça e entre na puberdade. Frequentemente, a manifestação em pessoas mais jovens é mais branda, não sendo necessário um tratamento invasivo na maioria dos casos”, explica a médica.

No entanto, a Dra. Camila esclarece que alguns fatores podem provocar o desenvolvimento de varizes em crianças. “No caso dos pequenos, a Doença Venosa Crônica (que tem varizes como uma manifestação) é rara e pode ser resultado de uma malformação venosa congênita (falta das veias profundas), incompetência venosa valvar primária, ou trombose venosa profunda, o que causa insuficiência ou obstrução secundárias. “A ocorrência do tromboembolismo venoso aumentou nas últimas décadas devido ao uso mais frequente de cateteres venosos centrais em pacientes pediátricos graves. Além disso, estudos recentes têm investigado alterações genômicas também como responsáveis por um aumento da incidência de varizes em crianças e adolescentes”, pontua a cirurgiã vascular.

Apesar de o fator genético ser extremamente importante, existem outros motivos, como obesidade, sedentarismo, tabagismo e longos períodos em pé que podem atuar nas veias das pernas e levar à dilatação antes do tempo, e ocasionar o surgimento das varizes em pessoas ainda novas.  No caso dos adolescentes, podem aparecer também devido à oscilação hormonal da puberdade. A especialista ressalta ainda que o uso diário de salto alto por um tempo prolongado pode dificultar o bombeamento do sangue nas pernas e facilitar o surgimento de sintomas como dor e queimação na região.

Para evitar problemas futuros, Dra. Camila recomenda manter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física regularmente. “Também é importante que a criança ou o adolescente que têm um histórico familiar para varizes receba uma atenção especial e que os pais busquem a orientação de um cirurgião vascular para auxiliá-los no diagnóstico e tratamento”, conclui.

O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, Dr. Fabio H. Rossi, enfatiza a importância do estímulo à alimentação e hábitos saudáveis também para as crianças e adolescentes. “Temos visto um verdadeiro aumento de obesidade infantil, que foi ainda mais estimulada pela mudança dos hábitos e fortalecida durante a pandemia, o que fez intensificar o sedentarismo, a imobilidade, o uso excessivo de computadores, tanto para o homeschooling, como o aumento de número de horas em jogos de videogame”.

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