Tomar antigripal sem prescrição é perigoso
Após 2 anos de pandemia Sars-Cov-2, após perdermos tantas pessoas queridas para COVID ainda temos que enfrentar os surtos de H3N2. Já não bastasse o perigo inerente as doenças ainda temos os malefícios causados pela automedicação, dos chamados “ kit anti-gripal”.
De uma maneira geral, pacientes com sintomas gripais devem passar por um isolamento de sete dias para evitar contaminar outras pessoas, além de fazer repouso, ter boa alimentação, hidratar-se bem e usar medicamentos apenas se necessário em casos de dor ou febre.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 23% das internações hospitalares no Brasil estão relacionadas ao mau uso de medicamentos. No mundo, essa taxa é de 10% o que já é considerado bem alto.
Tomar remédio por conta própria é perigoso, não importa qual seja a doença. E subestimar os antigripais é um erro comum dos brasileiros. Apesar de a maioria dos medicamentos do tipo não ter a chamada “tarja vermelha”, que sinaliza a exigência da receita médica para a compra, ainda assim, os médicos aconselham cuidados.
Quais as principais diferenças entre os quadros de gripe e resfriado?
Gripe: Causada pelo vírus influenza os sintomas geralmente aparecem de forma repentina, com febre, vermelhidão no rosto, dores no corpo e cansaço. Entre o segundo e o quarto dias os sintomas do corpo tendem a diminuir enquanto os sintomas respiratórios aumentam, aparecendo com frequência uma tosse seca. Como no resfriado, na gripe a presença de secreções nasais e espirros é comum.
Resfriado: Causado na maioria das vezes por rinovírus, os primeiros sinais costumam ser coceira no nariz ou irritação na garganta, os quais são seguidos após algumas horas por espirros e secreções nasais. A congestão nasal também é comum nos resfriados, porém, ao contrário da gripe, a maioria dos adultos e crianças não apresenta febre ou apenas febre baixa
Tratamento: Ainda não existem medicamentos que tenham demonstrado bons resultados no combate aos vírus da gripe e do resfriado, por isso, o tratamento é direcionado ao alívio dos sintomas. Os principais medicamentos sintomáticos utilizados são os analgésicos e antitérmicos, que aliviam a dor e a febre.
Atenção (perigos dos kits anti-gripais): Mesmo medicamentos que podem ser comprados sem necessidade de receita médica podem provocar reações indesejadas. Somente o profissional de saúde poderá indicar o medicamento mais apropriado para cada caso.
Um medicamento pode mascarar os sintomas de uma doença mais grave. Sem o exame do médico, o problema vai permanecer escondido e não será tratado com a devida antecedência, o que pode atrapalhar todo o tratamento. Também se deve permanecer alerta para as alergias. Uma reação inesperada pode levar até mesmo à morte.
Quando os antigripais são substituídos por antibióticos, o problema se agrava. Nenhum antibiótico deve ser tomado sem acompanhamento médico, porque as bactérias do organismo podem criar resistência contra o remédio, inviabilizando o tratamento.
Outro perigo é acostumar a pessoa a se medicar por conta própria. Ela começa com uma pastilha para garganta irritada, depois toda um anti-inflamatório e, sem perceber, perde o medo do remédio. Daí para achar que anti-inflamatório e antibiótico são inofensivos, é um passo. E a pessoa pode começar a tratar problemas sérios, que precisam de acompanhamento médico próximo, como hipertensão e diabetes, sozinha, em casa.
Sempre que possível, o ideal é procurar um médico. Na dúvida, em casos leves, o farmacêutico pode orientar qual o medicamento de uso livre mais adequado. Mas fica o alerta: farmacêutico e atendente de farmácia não são a mesma coisa! É preciso perguntar especificamente pelo profissional que é responsável pelos serviços de saúde do local e não confiar apenas em quem atende o balcão.
Cuidados: Evite ter excesso de medicamentos armazenados em casa. Nunca use anti-inflamatórios e antibióticos sem orientação médica, mesmo que o quadro clínico seja igual ao anterior ao que os médicos indicaram o tratamento.
Importante: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.