Minas Trend: Após mais de um ano e meio sem novas edições por conta da pandemia, a feira foi realizada e trouxe o “gás” que os comerciantes precisavam nesse fim de ano
Sem os desfiles marcantes, as prestigiadas feiras e as lojas que o público ama, o setor da moda foi fortemente impactado pela pandemia. Uma pesquisa realizada pela consultoria Consumoteca apontou que, a indústria fashion teve uma queda de aproximadamente 78% nas vendas durante o período de isolamento social. Com o avanço da vacinação, aos poucos o setor vai crescendo novamente. Para isso, os lojistas e estilistas contam com o Minas Trend – maior salão de negócios da América Latina.
A feira de moda mineira aconteceu na primeira semana de novembro, entre o dia 1º e 4, no Expominas, em Belo Horizonte-MG. O evento foi realizado seguindo todas as normas sanitárias, como distanciamento social e o uso de máscara de proteção. Para garantir ainda mais segurança, a programação foi feita de forma híbrida, presencial e on-line, atingindo pessoas de todos os cantos do mundo.
Aproximadamente 90 marcas participaram do evento, expondo peças de alta qualidade e coleções cheias de significado. Foi um momento em que os lojistas conseguiram comprar peças e ainda conheceram as tendências para o Outono/Inverno 2022. “O evento surgiu para alavancar os negócios e para aproximar fabricantes de lojistas. Nesta edição de retorno, após um intervalo em função da pandemia, o Minas Trend tem foco total nos negócios de moda, gerando oportunidades para uma das principais cadeias produtivas do país e atuando para alavancar a retomada do setor”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe.
Devido a pandemia, não houve programação cultural, gastronômica e nem desfiles. Mas, sempre muito atento as novidades e novas tecnologias do mercado, o Minas Trend inovou na 26ª edição. As tão esperadas palestras foram realizadas na feira, mas transmitidas para o mundo inteiro. Os profissionais e empresários do setor contaram com apoio de um aplicativo exclusivo, o Minas Trend Phygital, que une marcas e lojistas em um showroom virtual.
“É fundamental que atualmente tenhamos uma plataforma digital alavancando os negócios. Para as empresas isso não tem volta. A plataforma nasceu da necessidade de facilitar o contato com o cliente no ambiente físico e digital”, disse Manoel Bernandes, representante do Minas Trend e presidente do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias).
Contando com o setor de vestuário, calçado e acessórios, o evento foi um sucesso e superou as expectativas dos organizadores. “Foi uma surpresa, pois foi um ano muito difícil para o setor da moda, mas o varejista mostrou estar muito interessado em buscar novos produtos e alternativas para apresentar ao consumidor final”, disse. Para os lojistas, a feira também foi de suma importância. De acordo com Paula Bahia, dona de uma marca mineira de calçados, o Minas Trend representa 70% das vendas anuais da empresa. É por isso que, assim como vários outros empresários, ela faz questão de estar presente no evento.
Quem também sempre marca presença no evento é a designer Camila Klein, que dá o nome a empresa. Nesta edição, ela levou a coleção Verão 2020 e Preview da Coleção Oásis – Inverno 22. “Estamos presentes no Minas Trend há mais de 10 anos, e é sempre incrível fazer parte do evento e ter esse contato mais direto com nossos clientes. Acho que depois de tudo que vivemos no último ano, essa edição tem uma sensação de esperança pelo que virá e alegria em ver a vida sendo retomada”, disse a fundadora da marca.
Diante das dificuldades que surgiram a partir da pandemia, Camila Klein, assim como várias outras marcas do segmento, precisou inovar e pensar fora da caixa. Por isso, a designer investiu no on-line e pensou sobre o que a marca gostaria de atingir e representar.
“Foi um momento de muita introspecção e reflexão, nos perguntamos coisas como: onde a marca quer estar em 10 anos? Que mensagem queremos passar? A partir desses questionamentos que nos readaptamos. Quanto aos negócios, acredito que a situação nos obrigou a repensar como vendemos, já que o consumo foi algo que esteve muito em pauta durante toda a pandemia. Acabamos nos adaptando para viver bem e ainda conseguir crescer e prosperar. Seguimos focando em nossa loja on-line, buscando novas soluções para oferecer cada vez mais um atendimento mais próximo com nossos clientes, mesmo à distância”, contou.
Para próxima edição do Minas Trend, a esperança é de que as coisas voltem ao normal, tanto financeiramente para os lojistas, quanto para a grandeza da feira, que costuma ter vários desfiles e atividades presenciais. “Queremos volta um pouco ao que a gente tinha até 2019 [última edição do Minas Trend antes da pandemia], a ideia é voltar com mais interação”, planeja Manoel.
Sobre a perspectiva para o setor da moda em 2022, Bernardes espera uma retomada gradual do mercado. Ele afirma que não será algo imediato, mas que aos poucos o público voltará a visitar mais as lojas físicas e consequentemente consumirá mais os produtos.
“O cliente vai privilegiar as empresas que tem produtos diferenciados e inovadores. Acho que esse deve ser o grande foco dos negócios. Aproveito para incentivar todo o segmento, a cadeira produtiva da moda e se engajar nesse processo de retomada das atividades econômicas”, concluiu o presidente do Sindijoias.
Tendências 2022
Saindo de uma época tão conturbada como a pandemia, o mundo busca mais leveza e alegria. É claro que esse sentimento também foi repassado pelos estilistas para a moda. No Minas Trend já foi possível conhecermos um pouco das tendências que prometem estar no guarda-roupa das mulheres brasileiras em 2022.
Sem muitas estampas, o que está por vir é muita cor, trazendo alegria e muita brasilidade aos looks com tonalidades fortes e marcantes. Além dos tons, o destaque das produções serão as modelagens e tecidos, com rendas, babados e recortes assimétricos, que usados da forma certa remetem a uma imagem de leveza e elegância.
Outra tendência que promete estar mais presente são as peças sustentáveis, usando a processo do upcycling (reutilização) e handmade (feito à mão). Essa necessidade de transformar a indústria da moda surgiu antes da pandemia, mas aflorou após os primeiros meses do isolamento social. Isso acontece porque o momento mundial fez com que os setores de negócios refletissem sobre os impactos no meio-ambiente e no futuro da humanidade.
“Estamos atentas a essas questões que a pandemia ressaltou no trabalho da moda. Temos muitas peças com bambu, material que tem a pegada da sustentabilidade aliado ao artesanato, que é uma técnica centenária, feita pelas nossas artesãs e bordadeiras. Valorizamos a produção local e a mão de obra de muitas mulheres que trabalham conosco”, destacou Luiza Garcia, gerente de estilo da marca de bolsas Isla, durante bate-papo no evento.
Jornalista
MBA em Direção Criativa de Moda
Consultora de Imagem & Estilo
Instrutora do curso de Jornalismo de Moda