Conheça a história do chargista Maurício Ricardo

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Conheça a história do chargista Maurício Ricardo

Com mais de 700 milhões de visualizações, o chargista explica o sucesso do trabalho em entrevista à Revista Soberana

Considerado um dos pioneiros no segmento de charges no país, Maurício hoje é responsável por administrar um dos maiores sites especializados no assunto, o Charges.com. Carioca, mas com o coração uberlandense, o jornalista é uma sumidade no assunto, acumulou passagens por grandes veículos de comunicação, como portal UOL, Rede Globo, Rede TV, Record TV, TV Integração e os jornais Correio de Uberlândia e Primeira Hora.

Aos 57 anos de idade, com mais de 2 milhões de seguidores no YouTube, Maurício que, inclusive, já foi até apresentador de jornal, hoje se divide entre os desenhos e os alunos. Ele é proprietário de uma escola de tecnologia com duas unidades em Uberlândia, administrado também, pela esposa, a coordenadora escolar Danielle Akemi.

Em entrevista à Revista Soberana, Maurício contou detalhes sobre a longa passagem pelo Big Brother Brasil e como as redes sociais influenciaram no trabalho do chargista.

Revista Soberana: Natural do Rio de Janeiro, mas morando em Uberlândia, como você Maurício Ricardo iniciou a carreira no mundo das charges?

Maurício Ricardo: Costumo dizer que foi puro determinismo biológico. Desde pequeno tenho aptidão para desenhar. Venho de uma família ligada à mídia. Minha mãe, Therezinha Ribeiro, foi radialista e cantora. Meu pai, Luiz Fernando Quirino, era jornalista, cronista e excelente redator de humor. Aos 17 anos eu já fazia charge política no extinto jornal Primeira Hora, além de uma tirinha sobre temas mais leves. Mesmo quando – uns vinte anos depois – eu cheguei a coordenar o jornal Correio de Uberlândia, cuidando da Redação, Comercial e Circulação, eu parava tudo o que estivesse fazendo para desenhar a charge do dia.

 

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RS: Em pouco tempo, você se tornou um pioneiro na criação de conteúdo para a Internet, conquistando inclusive vários prêmios. Como você avalia o seu sucesso?

MR: No final dos anos 90 eu havia chegado aonde poderia chegar na carreira jornalística aqui em Uberlândia. Era o executivo que respondia pelo maior diário da cidade, que pertencia ao Grupo Algar. Nessa época bateu aquele vazio de pensar: “só vou até aqui?”. E ainda tinha a frustração de ver o lado artístico sendo abafado pelo lado executivo. Eu sempre amei arte. Sempre cantei, toquei, desenhei. Cheguei a gravar um disco nos anos 80, quando era muito difícil ser visto pelas gravadoras. A banda se chamava Solo Vertical e foi contratada pela BMG-Ariolla, uma das maiores gravadoras do mundo na época. Ficamos 40 dias no Rio de Janeiro gravando. Acabou não dando certo e eu foquei na minha carreira no jornal, até descobrir a Internet. Fui um dos primeiros em Uberlândia a ter Internet em casa, quando só havia um provedor e logo percebi que dava para alcançar o mundo sem ter que mudar de Uberlândia. Em 1999, quando entrei em um grupo de trabalho da Algar para estudar a Internet, tive a ideia de fazer um site de animações. Todo dia eu terminava meu expediente no jornal e produzia em casa uma charge animada curta. O site bombou muito rápido. Em meados de 2000 fui contratado por um portal de conteúdo e comecei a ser chamado para algumas produções na televisão. Muito desse sucesso, inclusive os prêmios, vem do fato de que comecei num momento muito oportuno. Diz o ditado: “quem chega primeiro bebe água limpa”, foi o que aconteceu. Eu tive a sorte de estar com o produto certo na hora certa.

RS: Impossível não falar de Maurício Ricardo e não lembrarmos de suas icónicas charges para o Big Brother Brasil. Como surgiu o convite para participar do programa? Por quanto tempo você foi fixo?

MR: O convite surgiu na 4ª edição. Eu já tinha feito uns trabalhos para o Domingão do Faustão, na Globo. Uma produtora, Ana Paula Schmidt, saiu do Faustão e foi para a produção do Big Brother Brasil. Um dia, lá na casa do BBB, um participante contou uma história divertida e o Boninho pensou que seria legal ilustrá-la com um desenho animado. A Ana Paula se lembrou de mim. Era uma terça, 12 horas, quando o Boninho me ligou, contou o caso e perguntou: “Você conseguiria entregar isso em desenho até às 19h30?”. Mesmo sendo um prazo absurdamente curto eu disse: “Claro!” Começou aí a minha participação, que foi até a edição 16. Eu saí junto com o Pedro Bial, porque a direção entendeu que era hora de reciclar o programa. Foi uma saída bem tranquila. Continuei, inclusive, fazendo desenhos para o Mais Você com a Ana Maria Braga que é do mesmo núcleo. Fiquei na Globo como contratado por mais uns dois anos. Hoje só faço trabalhos esporádicos.

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RS: Voltaria a fazer charges para o BBB?

MR: Eu sou muito bem resolvido em relação ao meu ciclo no BBB. Acho que fomos até onde deu. Não enxergo espaço lá, atualmente, paro o tipo de trabalho que eu fazia. Hoje, com o crescimento das redes sociais, esse papel de lançar um “olhar externo” sobre o programa é feito pelo próprio público. Pode reparar que o humor que funciona lá é aquele que dialoga com os memes e as redes sociais. Adoro o quadro do Rafael Portugal, porque é esse mosaico de impressões. Tudo mudou, inclusive o humor. Eu seria massacrado pela audiência de hoje se fizesse desenhos brincando com os participantes, porque os fandoms estão gigantes e infinitamente mais radicais e intolerantes.   

 

RS: Com o avanço das redes sociais e popularização do Instagram, você sentiu que o trabalho do chargista perdeu espaço?

MR: Viver de Internet é um eterno “reinventar-se”. Instagram é só uma das plataformas. Não diria que o trabalho do chargista perdeu espaço. Pelo contrário: no Instagram estamos cheios de chargistas com centenas de milhares de seguidores. Eles só não ganham nada para publicar lá. De qualquer forma, para eles, é uma excelente vitrine e a visibilidade rende trabalhos. Quanto ao meu caso, as transformações começaram bem antes. Precisei primeiro adaptar as charges à era dos smartphones. Assisti ao nascimento e morte dos blogs. Tive que abandonar meu website e migrar para o YouTube, que é a plataforma que remunera melhor. Hoje, o canal do Charges.com.br tem 2,46 milhões de inscritos. Meu pequeno estúdio produz 15 minutos semanais de animação, com dois excelentes profissionais me auxiliando, o Fernando Duarte e o Toni Da Hora. São mais de 735 milhões de visualizações. Os mesmos vídeos também são publicados no Facebook, onde a página é seguida por 1,7 milhões de pessoas.

 

RS: Qual tem sido a maior dificuldade do trabalho do chargista nos dias de hoje? Você ainda segue publicando seus materiais em jornais ou apenas no seu site?

MR: O site hoje só espelha as publicações do YouTube. Mantenho o endereço por apego mesmo, porque a audiência toda está no canal. Já os jornais eu abandonei quando deixei o Correio de Uberlândia. Como o Correio acabou, acho que foi uma decisão acertada.

 

RS: De onde surgiu a ideia de empreender e criar sua própria escola de tecnologia, a Techers?

MR: Veio do meu encontro com a Dani (Danielle Akemi), minha esposa. Ela era professora e coordenadora escolar no Japão. Quando eu a conheci, estava divorciado há uns três anos e foi tudo muito rápido. Nos casamos em menos de um ano e ela foi quem me trouxe para perto dessa missão maravilhosa e nobre que é a Educação. Como eu já tinha toda essa história com Tecnologia – fazendo animação digital, desenhando com tablets e criando website – achei que a nossa parceria daria ‘match’ também no trabalho. Abrimos a escola através de uma franquia e evoluímos para um projeto totalmente nosso. Sinceramente, acho que a Techers é a coisa mais importante que fiz nessa longa carreira porque Tecnologia já é o presente e vai ditar os rumos do futuro. O que estamos oferecendo para centenas de crianças e adolescentes é transformador. Um detalhe legal é que quando Dani e eu nos conhecemos ela já havia retornado para o Brasil, mas continuava dando aula para os aluninhos do Japão, via Skype. É uma expertise que fez toda a diferença nessa pandemia: a Dani já era especialista em aula nesse formato, que todos foram obrigados a adotar. 

 

RV: Por que incentivar a criançada a entender de Internet?

MR: Porque não há outro caminho. A criançada tem que entender, o quanto antes, não só de Internet, mas de Tecnologia no sentido mais amplo. Na Techers abrimos um leque que vai de Mídias Digitais a Programação e Robótica. Não existe mais zona de conforto no mercado de trabalho. Mesmo profissões tradicionais, como a Medicina e o Direito, estão sendo fortemente impactadas pela Tecnologia. Mais da metade dos empregos dos próximos 30 anos ainda não foram inventados. Quem imaginaria Uber ou Netflix há uma década? É uma pena que nosso país não leve mais a sério a Educação em Tecnologia. Ela é que vai fazer a diferença entre as potências prósperas, com os melhores empregos, e os bolsões de miséria.

 

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RS: Falando um pouco mais sobre o Maurício Ricardo fora dos computadores e das artes, o que você costuma fazer nas horas vagas?

MR: Eu canto, toco e coleciono discos de vinil. Música é minha paixão! Já tive vários projetos autorais. Os Seminovos, banda que criamos em 2006, chegou a ganhar prêmio da MTV e nos levou a vários palcos importantes, inclusive a Virada Cultural de São Paulo, o Programa do Jô e ao palco do Domingão do Faustão. Hoje, tocar é um hobby, mas ainda amo e participo de vários projetos de cover. Uma das coisas que mais senti falta na pandemia foi poder ensaiar e tocar ao vivo, por exemplo. Faço uma hora de caminhada de segunda a sábado. É minha única atividade física, mas adoro. Amo também um bom cinema e o domingo perfeito inclui maratonar uma série com a Dani.

Jadir Jr | Redação

 

Revista Soberana

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