Abril Laranja chama a atenção para o abandono e maus tratos aos animais
Mesmo com alta no número de adoções, abandono de pets em Uberlândia aumenta 50%
A Organização Mundial da Saúde estima que existam no Brasil mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Ongs e instituições de apoio animal seguem realizando trabalhos para dar suporte aos pets, entretanto, a demanda é maior do que se pode suportar e por isso é preciso conscientização das pessoas. O Abril Laranja, campanha de prevenção contra a crueldade animal, reforça pautas voltadas a este assunto e chama a atenção para o abandono dos pets.
A pandemia, além dos diversos outros reflexos, também vem afetando a relação dos seres humanos com os animais, com resultados nem sempre positivos. Em Uberlândia, de acordo com a Associação Protetora de Animais, o abandono de animais na cidade cresceu 50%, desde o início da pandemia. No Brasil, segundo a Ampara (Associação de Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados), este número sobe para 70%.
A professora Ana Luiza Teixeira Amado Jorge, do curso de veterinária da Una Uberlândia, que faz parte do Grupo Ânima Educação, nota que as taxas são o oposto do que foi apontado no início de 2020. “No início da pandemia percebemos uma onda de adoções. Muitas pessoas, por passarem mais tempo em casa, buscavam uma companhia e uma tendência é pensar em animais domésticos para suprir essa necessidade”, pontua. Ele ressalta que, apesar de realmente serem uma companhia e despertar o carinho dos tutores, a grande responsabilidade em ter um animal em casa pode ter assustado e contribuído para o aumento no número de abandonos.
“É preciso estar ciente de que ter um animal em casa requer muita consciência. Os pets precisam ter acesso à água filtrada, serem alimentados de acordo com as necessidades fisiológicas de cada animal, variando entre espécies e faixa etária, passear, brincar e outras tarefas que precisam ser feitas para garantir uma boa qualidade de vida para eles ”, enfatiza a professora.
Outro fator que pode ter contribuído para o aumento no abandono de animais é a crise econômica que o país enfrenta. Muitos perderam o emprego ou tiveram a renda reduzida, mas os gastos com os peludos não podem ser esquecidos, por isso é preciso planejamento. As pessoas estão enfrentando problemas com o desemprego, e com isso tiveram dificuldades para manter seus animais e, infelizmente, optaram pelo abandono. “Por isso, antes de tudo, uma ação necessária é se planejar, pode não resolver todos os problemas, mas pode ajudar.
Uma dica é: pesquise sobre os preços de atendimentos veterinários, rações, quantidade de alimento necessária para o porte do animal, os valores das vacinas, e também tenha uma reserva para caso algo emergencial aconteça ”, instruí Ana Luiza. Ela destaca também que a falta de informação também engloba as transmissões de doenças zoonóticas, sendo de suma importância o papel do médico veterinário em orientar o tutor com relação a todas as informações necessárias para criar um pet.
Agora, para aqueles que realmente desejam adotar e cuidar de um animal, Ana Luiza dá informações importantes sobre questões médicas. De acordo com ela, os principais cuidados com os pets em qualquer idade é manter os protocolos de vacinação e vermifugação atualizados. “Em filhotes a primeira dose da vacina deve ser realizada com 45 dias de vida e a vermifugação com 30 dias de vida, de acordo com o protocolo orientado pelo médico veterinário”.
Tudo começa com informação e a conscientização de cada um ao adotar um pet. No entanto, a população pode ajudar de outras formas à causa animal. A professora explica sobre o que fazer ao encontrar um animal abandonado.
“Primeiro busque divulgar em grupos para saber se o animal pode ter fugido ou algo do tipo, se não for o caso, a pessoa pode resgatar o animal abandonado e iniciar uma busca por um lar responsável que possa acolhê-lo, e caso nenhuma dessas dicas funcione, procurar uma ONG ou instituição de apoio”. Em relação aos maus-tratos, Ana Luiza finaliza dando outra orientação. “É sempre importante lembrar que isto é crime e pode levar a reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição de guarda. Assim, se a pessoa presenciar qualquer tipo de maus tratos ou abusos a animais, basta ligar no 181”, finaliza.