O papel da medicina nuclear contra a covid-19

Pandemia do Novo Coronavírus afeta a humanidade não apenas com o vírus

 

A pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19) afeta a humanidade não apenas com a doença, mas também com o medo e, pior ainda, com a angústia de não saber o que fazer debaixo de uma enxurrada de Fake News que são espalhadas diariamente. É importante concentrar esforços no combate a cada um destes três inimigos. A medicina nuclear contribui nesta batalha.

Para combater o primeiro inimigo, a Covid-19, todos estão fazendo o seu melhor. As autoridades lutam para desacelerar a pandemia propondo variadas políticas de isolamento social. Cientistas trabalham incansavelmente no desenvolvimento de uma vacina eficaz. Grandes laboratórios se esforçam no desenvolvimento de testes diagnósticos com boa acurácia, que possam ser amplamente disponibilizados. Pesquisadores médicos, continuamente, revisam e aperfeiçoam suas propostas de protocolos para tratamento dos doentes.

A medicina nuclear oferece, para pacientes e médicos assistentes, uma ferramenta simples, segura e eficaz na avaliação do estado funcional de vários órgãos. Esta ferramenta é a cintilografia. A título de exemplo, considere um dos órgãos eventualmente comprometidos pela COVID-19, o pulmão. A cintilografia pulmonar possibilita uma avaliação funcional deste órgão, sem o uso de contrastes. Pacientes, em estado crítico, podem apresentar insuficiência renal, o que contraindica o uso dos contrastes radiológicos e faz da cintilografia pulmonar uma ferramenta ideal.

Quanto ao segundo inimigo, o medo, cada um precisa fazer sua parte para combatê-lo por manter sua rotina de atividades a mais próxima do normal, sem comprometer sua segurança e subordinação às autoridades de saúde. Não se concentrar no que pode acontecer e sim no que é necessário fazer. Manter medidas preventivas como distanciamento social e físico, associadas a boas práticas de higiene e proteção pessoal.

Caso alguém apresente os sintomas iniciais da Covid-19, deveria prontamente procurar assistência médica ou acessar o site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) para obter as recomendações mais recentes. Os demais cuidados com a saúde não podem ser negligenciados. Por exemplo, pacientes que estão no grupo de risco para doenças cardiológicas deveriam manter sua rotina de avaliações preventivas.

Caso, em uma avaliação clínica inicial, o médico encontre um risco moderado a alto de infarto, muito provavelmente ele solicitará uma cintilografia de perfusão miocárdica. Esta solicitação se justifica, pois, a cintilografia miocárdica é um teste não invasivo de altíssima sensibilidade no diagnóstico da doença na artéria coronária, além de extremamente acurada para identificar a repercussão funcional desta doença e também para definir o risco de infarto ou morte que o paciente está correndo.

Desta forma, a cintilografia se mostra uma perfeita aliada do cardiologista e do paciente, separando esta população em dois grupos. De um lado os pacientes que estão correndo grande risco de infartar ou morrer e, por isso, certamente se beneficiarão com uma avaliação invasiva complementar, como o cateterismo, que auxiliará não definição do melhor tratamento. De outro lado os pacientes de baixo risco, que se beneficiarão mais com um tratamento conservador e acompanhamento clínico.

Finalmente, para vencer o terceiro inimigo, a angústia de não saber o que fazer, mais do que nunca deve-se buscar esclarecimento em fontes seguras. Informações relacionadas à saúde, deveriam ser obtidas diretamente de profissionais preparados para o assunto, preferencialmente, de especialistas em cada área. Por exemplo, para se informar apropriadamente sobre o vasto arsenal de ferramentas diagnósticas e terapêuticas disponibilizadas pela medicina nuclear, das quais este artigo mencionou sucintamente apenas duas, e suas respectivas indicações, pode-se conversar com um médico nuclear.

A pandemia passará. Ainda não se sabe quando isto acontecerá. O que se sabe ao certo é que todos, inclusive na medicina nuclear, trabalharão muito para continuar promovendo a saúde e preservando vidas.

 

Giovany Silva Pereira | Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Pós-Graduação em Medicina Nuclear pelo Centro de Medicina Nuclear de Vitória (CMEN), Especialista em Medicina Nuclear pela Associação Médica Brasileira (AMB), Médico Nuclear pela Clínica Vitis Med Center.

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