Crianças não estão no grupo de risco, pois a doença tem uma incidência baixa na faixa etária pediátrica
Estamos enfrentando uma pandemia mundial pelo coronavírus (SARSCoV-2). As crianças não são consideradas um grupo de risco, pois a doença tem uma incidência baixa na faixa etária pediátrica e com poucos registros de casos graves, hospitalizações e óbitos. De acordo com uma análise da Organização Mundial de Saúde, de 44.672 casos confirmados de COVID-19, apenas 0,9% eram em crianças menores de 10 anos e 1,2%, entre 10 e 19 anos. Os outros 97,9% dos casos foram em pessoas acima de 20 anos.
Um artigo publicado pela revista Pediatrics, fez uma análise de 2.143 casos de coronavírus em crianças e adolescentes na China, sendo 34% (731 casos) confirmados e 66% (1.412 casos) suspeitos. A média de idade foi de 7 anos. A boa notícia é que 97% dos casos confirmados foram assintomáticos (sem sintomas) ou com sintomas leves ou moderados. Apenas 2,5% dos casos confirmados foram severos e 0,4%, considerados críticos (síndrome respiratória aguda grave).
Um dado chamou a atenção: 12,9% das crianças confirmadas com o coronavírus não apresentavam nenhum sintoma. Nesse trabalho houve apenas uma única morte de um adolescente de 13 anos. Mas isso não significa que elas estão imunes! Precisamos nos cuidar, porque apesar de ser bem mais leve nas nossas crianças, a doença tem se mostrado muito grave em adultos e especialmente, em idosos.
O maior cuidado para prevenção da doença até o momento é o isolamento social. E aí vem a grande dúvida: como ficam as vacinas? Vale a pena sair de casa e ir até a unidade de saúde para vacinar? Ao mesmo tempo em que o isolamento e a limitação na circulação de pessoas reduzem a transmissão, não só do SARSCoV-2, mas de outros patógenos, o não comparecimento de crianças às unidades de saúde para atualização do calendário vacinal, pode impactar nas coberturas vacinais e colocar em risco a saúde de todos.
Atenção especial precisa ser dada às doenças anteriormente controladas e que recentemente voltaram a circular no país, como o sarampo, febre amarela e coqueluche. Estas doenças são imunopreveníveis, mas dependem de elevadas coberturas vacinais. Além disso, todos os anos, nessa época do outono, a partir do mês de março, temos uma grande circulação de vírus respiratórios, como: influenza, parainfluenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório, entre outros, que causam resfriados, gripes, laringites, bronquiolites e atingem especialmente as crianças. A vacina da gripe já está sendo aplicada na rede pública apenas para idosos, profissionais de saúde, crianças de 6 meses a 5 anos e gestantes. Na rede privada está disponível para todas as faixas etárias, a partir de 6 meses.
Dessa forma, a recomendação atual da Sociedade Brasileira de Pediatria e de outras entidades é que a oferta das vacinas seja mantida de maneira regular e sustentada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Ainda que o isolamento social seja uma ferramenta importante de controle do coronavírus, recomenda-se que a população mantenha o calendário vacinal atualizado, visitando a unidade de saúde mais perto de suas residências, em horários menos concorridos e, sempre que possível, com horários diferenciados para a vacinação de crianças e adolescentes, tomando os cuidados já estabelecidos, como o uso de máscaras e uso do álcool em gel. A vacinação domiciliar deve ser considerada sempre que possível. Além disso, o calendário vacinal precisa ser otimizado, com a aplicação do maior número de vacinas possível na mesma visita.
Até o momento não há evidências sobre a interação da COVID-19 e a resposta imune às vacinas. É importante ressaltar que as crianças com sintomas respiratórios ou febre não devem comparecer aos centros de vacinação. Os casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 poderão ser vacinados após a resolução dos sintomas e passado o período de 14 dias do isolamento. Por fim, vale lembrar que a transmissão desses vírus, tanto os causadores de gripes e resfriados como o coronavírus, ocorrem principalmente pelo contato com uma pessoa infectada, através de gotículas respiratórias, geradas quando a pessoa tosse ou espirra e por gotículas de saliva e secreção nasal. Os sintomas são parecidos.
Então, caso seu filho inicie sintomas respiratórios (tosse e coriza), o importante é manter a calma e observar como ele está. Se estiver em bom estado geral, com “carinha” boa, sem febre ou com febre baixa e respirando bem, não há necessidade de procurar imediatamente por atendimento médico. A criança pode permanecer em observação domiciliar (sem sair de casa para não transmitir!) e fazer aquelas medidas que os pais já estão acostumados: higiene nasal com solução fisiológica, aspiração das secreções se o pequeno não conseguir assoar, aumentar a hidratação e repouso. Porém, se seu filho apresentar febre alta constante (acima de 39o C), dispnéia (gemência, cansaço para respirar, respiração “ofegante”, rápida, curta, superficial) ou ficar muito abatido e prostrado é necessário levar para ser avaliado.
Enquanto a vacina do coronavírus não chega, vamos manter a caderneta de vacina das crianças atualizadas!
Referências: Epidemiological Characteristics of 2143 Pediatric Patients With 2019 Coronavirus Disease in China – Yuanyuan Dong, Xi Mo, Yabin Hu, Xin Qi, Fang Jiang, Zhongyi Jiang, Shilu Tong
Dra Lídia Mayrink
Pediatra e Neonatologista, Professora do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Uberlândia, Doutorado pela Universidade Federal de Uberlândia, médica pediatra pela Clínica Vitis Med Center.
Dra Letícia Ribeiro
Pediatra e Endocrinologista, Professora do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Uberlândia, Doutorado pela Universidade Estadual de Campinas, médica endocrinologia pediátrica pela Clínica Vitis Med Center.
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