A capitania de Minas Gerais surgiu em 1720. Um estado forte que se consolidou no século XVIII devido à corrida do ouro, hoje acumula riquezas diferentes, que estão nos minerais, nas paisagens e na cultura
Minas dos ouros já existia quando da criação da capitania, por ser uma área de ocupação recente no início dos setecentos os contemporâneos se referiam à região de diversas formas, tais como: Minas de Ouro Preto, Minas do Ribeirão do Carmo, Minas gerais da nascente e do Poente do Rio das Velhas. Parafraseando a professora Adriana Romeiro “Minas é, durante muito tempo, um conjunto de arraiais. Eu costumo comparar Minas nesse período com um filme de faroeste”. Todavia, a denominação Minas Gerais prevaleceu no vocabulário com o passar do tempo. A área abarcada pela capitania foi originada a partir de processos distintos de colonização. Já a região das minas começou a ser explorada intensamente a partir do final do século XVII com a descoberta oficial das jazidas de ouro.
Autonomia e liberdade. Estes são os sentimentos que pulsam na alma dos mineiros desde o século XVII. Com a Guerra dos Emboabas em 1709, os mineiros já haviam sido os grandes responsáveis pela separação da Capitania do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas do Ouro. Posteriormente foi a revolta de Felipe dos Santos, duramente combatida pelo governador Conde de Assumar, que levou à criação da Capitania de Minas Gerais.
A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado entre 1707 a 1709 pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas de ouro na região do atual estado de Minas Gerais, no Brasil. O conflito contrapôs os desbravadores vicentinos e os forasteiros que vieram depois da descoberta das minas.
O fator primordial para o desmembramento das capitanias para a criação de Minas Gerais é a Revolta de Vila Rica, em 1720. Nesse momento, a Coroa Portuguesa entendeu que era necessário separar as capitanias por uma questão administrativa.
O desmembramento das capitanias de São Paulo e Minas Gerais, decisão do Conselho Ultramarino e determinação do Alvará Régio de 02 de dezembro de 1720, de D. João V, Rei de Portugal, marca o início da existência administrativa do território mineiro.
Naquele período histórico, a capitania de Minas Gerais conquistava o posto de centro econômico da colônia. Isso se dava em função da grande exploração de ouro que, desde o século XVII, crescia de forma exponencial e que, já naquela época, apontava a riqueza mineral do território. A capitania era dividida em quatro comarcas: Vila Rica, Sabará, Serro Frio e Rio A pujança econômica e populacional de Minas lhe deu as condições para exibir a maior representação parlamentar no império. Afonso de E. Taunay traz uma série de dados sobre a representação parlamentar no império em diversos momentos.
Em 2 de dezembro de 1720, por meio de alvará régio, a região montanhosa que atraiu muitos olhares pela quantidade de ouro descoberto, tornou-se a capitania independente de Minas Gerais. Nessa época, Minas já contava com um número expressivo de vilas como a Vila Nova de Caeté (Caeté) e a Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará (Sabará), criadas no século XVII.
Atualmente, Minas Gerais possui 853 municípios e 1788 distritos, com uma população média de mais de 21 milhões de habitantes, e continua atraindo olhares do mundo inteiro, sobretudo pelo seu protagonismo econômico, político e cultural.
O estado teve e mantém um papel admirável na economia, política e cultura não só na formação do Brasil, mas na constituição de valores e na mantença das características sociopolíticas e econômicas no desenvolvimento do país.
Minas Gerais é dividida em doze regiões que seguem características de afinidade geográficas e econômicas. E por toda sua diversidade, atividades distintas na economia, representatividade geopolítica e até mesmo como uma região de tramas com o restante do território, pela própria posição geográfica, aspectos climáticos, culturais e históricos continuam sendo de muita importância para o Brasil.
Enfim dona do segundo maior parque industrial do Brasil, Minas Gerais é um dos três estados mais ricos do país. Os setores mineral e siderúrgico se destacam, ao lado do turismo histórico. Berço do ciclo do ouro, Minas traz as marcas do passado.
Minas Gerais é um estado central para os setores de minas e energia, no setor da energia elétrica, o estado representa 12% da capacidade instalada de usinas hidrelétricas no país e tem a maior quantidade de geração fotovoltaica instalada, 18%. A presença mineira do setor do petróleo, gás e biocombustível também é significativa: são 36 usinas produtoras de etanol, que representam 10% da produção nacional, e 56 poços perfurados na Bacia do São Francisco. O estado é responsável pelo consumo de 12% do diesel brasileiro.
Na mineração, Minas Gerais está na ponta da produção de minerais metálicos, com 53% do total, e 38% da exportação de minério de ferro. É o segundo que mais arrecada a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Outro destaque importante é que a maior reserva de nióbio do mundo está em solo mineiro.
Afinal, Minas Gerais foi e é um Estado completo de biodiversidade, culturas, natureza, riquezas históricas, gastronômicas, políticas e de um povo mineiro, com dizem arretados e fortes que construíram e constroem o melhor.
Aída Cruz
Historiadora, pesquisadora e orientadora com formação na Universidade Federal de Uberlândia
Especialização em História do Brasil Contemporâneo
Mestre em Educação – avaliação institucional pela PUCCamp/SP
Foto: Nina Ramos Fotografias