Imagem: Adam Gray / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
As ruas de diversas cidades norte-americanas têm sido tomadas por protestos desde que o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE) realizou uma série de operações em Los Angeles, que resultaram em centenas de prisões. A ofensiva desencadeou reações imediatas da população, mobilizações em outras regiões do país e acentuou o conflito entre o governo federal e autoridades estaduais, especialmente na Califórnia.
Segundo publicação do The Guardian, as manifestações tiveram início após ações do ICE em áreas comerciais e centros de trabalho informal em Los Angeles, como o Fashion District e depósitos de grandes redes varejistas. Em apenas um dia, mais de 100 pessoas foram presas, boa parte delas imigrantes em situação irregular.
Nos dias seguintes, milhares de manifestantes se concentraram nas ruas centrais da cidade, enfrentando o bloqueio policial e o toque de recolher imposto pela prefeitura. Ainda de acordo com o The Guardian, a polícia de Los Angeles prendeu mais de 200 pessoas em uma única noite, aumentando a tensão social.
Diante da escalada dos protestos, o presidente Donald Trump autorizou o envio de 4 mil membros da Guarda Nacional e cerca de 700 fuzileiros navais para a Califórnia. A medida foi justificada como uma tentativa de proteger propriedades federais e controlar distúrbios civis, mas gerou forte oposição por parte das autoridades locais.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, reagiu com veemência à decisão do governo federal. Em entrevista reproduzida pelo The Guardian, classificou a ação como um “assalto à democracia” e acionou a Justiça para impedir a militarização do estado, argumentando que o uso de tropas federais em solo californiano sem consentimento local fere a soberania estadual.
As manifestações se expandiram rapidamente para outras cidades como Nova York, San Francisco, Chicago, Houston e Seattle, todas registrando atos contra as políticas de imigração e a repressão federal. O movimento ganhou o nome de “From LA to Chicago: ICE Out!” e passou a exigir a suspensão das deportações em massa e o respeito aos direitos civis dos imigrantes.
Especialistas em direito constitucional e organizações de direitos humanos expressaram preocupação com o precedente criado pela intervenção federal. Segundo publicação do The Guardian, juristas alertam que o uso da Lei de Insurreição para conter protestos civis pode abrir espaço para ações autoritárias, caso não haja controle legislativo e judicial adequado.
A situação segue em desenvolvimento, com novas manifestações previstas para os próximos dias e expectativa de que a Suprema Corte analise a legalidade da atuação do governo federal nos estados contestadores. Enquanto isso, o debate sobre imigração, militarização e democracia volta ao centro da política americana em pleno ano eleitoral.