‘Não somos muitas, mas fazemos Ciência de qualidade, com alto fator de impacto e estamos escancarando portas por uma academia acolhedora, humana e inclusiva’, diz Juh Círico
Juh Círico pretende pesquisar a empregabilidade transgênera e travesti no Brasil no pós-doutorado Imagem: arquivo pessoal
No dia 8 de março, Juh Círico tornou-se oficialmente doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (PPGCC/UFU), com a defesa da tese “Vozes da resistência: vivências de pessoas transgêneras e travestis na contabilidade brasileira”. Com a titulação, ela também tornou-se a primeira travesti doutora em Contabilidade no Brasil.
A pesquisa discutiu as vivências de pessoas transgêneras e travestis na contabilidade brasileira, tanto em ambientes acadêmicos quanto na docência universitária. Além disso, analisou os ambientes contábeis organizacionais e percebeu que são raras as iniciativas institucionais e empresariais relacionadas ao acesso e permanência de pessoas transgêneras e travestis nas universidades e empresas.
Juh Círico é travesti pansexual e reconhece que ações institucionais e empresariais não contemplam todas as identidades presentes na sigla LGBTQIAPN+. “Os movimentos de exclusão e expulsão contra pessoas transgêneras e travestis estão presentes nos mais diversos espaços da sociedade brasileira, seja nas escolas, universidades, nas empresas e no ambiente familiar, considerando que a idade média que pessoas trans e travestis são expulsas de casa é aos 13 anos. Para a revisão da literatura, percebi que grande parte dos estudos são da área da saúde, pouquíssimos são da área de negócios”, comenta Círico.
Sobre a importância de ser a primeira travesti com titulação de doutorado em Contabilidade no Brasil, ela reconhece que é desafiador, mas reforça que existe esperança e a necessidade de um ambiente acadêmico acolhedor, humano e inclusivo. Os próximos passos envolvem estudos com revisões internacionais e também o pós-doutorado voltado para a empregabilidade transgênera e travesti no Brasil.
“Resisto para existir, por todas que virão” – Juh Círico
A UFU oferece iniciativas de diversidade sexual e de gênero, como a Comissão Permanente de Acompanhamento da Política de Diversidade Sexual e de Gênero (CPDiversa), responsável por apoiar as pró-reitorias na implementação de debates e ações voltadas para a diversidade e apoio à comunidade LGBTQIAPN+.
FONTE: Leise Alves/Portal: comunica.ufu.br